O que explica alta na bolsa brasileira, BC quer mais autonomia, OpenAI sobe o muro para evitar espiões e o que importa no mercado nesta quarta (09)
(FOLHAPRESS) - O que explica a alta na bolsa brasileira e por que tem gente grande apostando nela, BC quer mais autonomia, OpenAI sobe o muro para evitar espiões, colchão pode ficar mais caro no Brasil e o que importa no mercado para começar esta quarta-feira (09).
**A HORA E A VEZ DA BOLSA BRASILEIRA**
Largada às traças no final de 2024, a bolsa brasileira volta a fazer os olhos dos investidores brilharem. Mesmo em um momento de incerteza na economia global, a ela recordes neste ano. O fenômeno, claro, tem explicação.
O Ibovespa, principal índice da B3, quebrou recordes em maio, junho e, o último, na sexta-feira (4). Ele terminou o pregão acima da marca dos 141 mil pontos pela primeira vez.
TODO MUNDO QUER
O fundo Verde voltou a apostar no mercado de ações nacional. Esse movimento é um sinal importante para outros investidores, que olham para as escolhas de carteiras maiores e pensam: será que eu deveria fazer isso também?.
O Verde é uma das carteiras mais importantes do país. Criado no final dos anos 1990 por Luis Stuhlberger, se destacou pela alta rentabilidade na estreia e, desde então, mantém a reputação.
A atitude ganha maior repercussão do que o normal, porque o fundo multimercado havia zerado a sua posição na Bolsa brasileira no fim de 2024 pela primeira vez desde 2016.
O fundo voltou a ter alocação comprada em bolsa brasileira e estamos neutros em bolsa global, diz a carta do Verde aos investidores referente ao desempenho de junho.
ENERGIA POSITIVA
Tarifas para cá, ameaças para lá, restrições para cima e para baixo. Não parece o ambiente mais propício para que a renda variável prospere, não é? Pode parecer à primeira vista, mas, olhando mais de perto, o bom desempenho faz sentido.
Em abril, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, jogou a pressão sobre o mercado lá no alto. Ao anunciar uma série de encargos tarifários a diferentes países e produtos, o líder espalhou o desânimo entre os investidores.
Algumas semanas depois do bombardeio de tarifas, quando a incerteza sobre o futuro da economia e as perspectivas para o comércio global melhoraram, a sensação dos investidores era que o arco-íris tinha aparecido depois da tempestade.
Em resumo, o baque em abril com o tarifaço foi tão grande que o ambiente para negócios parece propício agora -mesmo apresentando muito mais obstáculos do que em outros momentos. O apetite para o risco, que havia sido quase cortado pela raiz, voltou com tudo.
**MÃE, QUERO SAIR!**
O Banco Central se tornou autônomo em relação ao governo em fevereiro de 2021. Quatro anos depois, a novidade passou e, assim como ocorre com muitos adolescentes quando experimentam o gostinho da liberdade, o BC também deseja mais independência.
Há uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que pode dar ao banco o que ele pede. Atualmente tramitando na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado, ela propõe maior autonomia técnica, operacional, orçamentária e financeira para a autarquia.
POR QUÊ?
Cresce o número de inovações produzidas no âmbito do banco, mas o arcabouço legal não foi atualizado. Ou seja, ele tem que fiscalizar fintechs, o Pix e algumas operações do mercado cripto , mas a legislação não caminha no mesmo ritmo das transformações.
Uma solução possível para o imbróglio seria sair um pouco mais da sombra do governo e tomar as rédeas de questões como quantidade de funcionários, remuneração deles, orçamentos para diferentes atividades, etc. o que a PEC facilitaria.
Sim, mas um BC cada vez mais distante do governo pode dificultar o alinhamento entre a política econômica e a política monetária, o que complica as metas de ambos os lados.
O CHEFE FALOU
O presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, comentou o ataque hacker que desviou cerca de R$ 1 bilhão de instituições financeiras na última semana e defendeu a PEC.
Tudo funcionou porque [o invasor] teve acesso à conta da instituição. O investimento em segurança precisa crescer. Por isso, retorno ao tema da PEC. O BC tem condições de fazer com que se fiscalize os recursos de maneira mais transparente e pública, afirmou em almoço.
Os recursos alvos do ataque eram mantidos no Banco Central e estavam em contas de clientes da empresa C&M Software, que presta serviços de tecnologia para instituições do setor financeiro.
**ERGUENDO MUROS**
A OpenAI reformulou os procedimentos de segurança que protegem a propriedade intelectual da empresa contra a espionagem corporativa. O esforço acontece depois de a companhia alegar que a chinesa DeepSeek tenha copiado seus modelos de IA generativa.
COPIOU OU SUPEROU?
A DeepSeek apresentou em janeiro um chatbot de código aberto com uma capacidade muito semelhante à do ChatGPT, da OpenAI, desenvolvido com custos muito menores.
A rival americana afirmou ter encontrado evidências de que a startup de Hangzhou usou modelos de propriedade dela para treinar seu próprio concorrente, mas nunca apresentou provas.
EM ALERTA
A startup do Vale do Silício está reforçando as medidas de segurança desde o ano passado e acelerou o ritmo depois que a asiática lançou seu modelo.
De acordo com uma fonte, o episódio levou a OpenAI a ser muito mais rigorosa e aumentar o número de funcionários responsáveis por esse monitoramento, incluindo equipes de cibersegurança.
Em outras palavras, as companhias dos EUA não perceberam que empresas fora do seu círculo também estavam avançando rapidamente.
CONCORRÊNCIA ACIRRADA
A corrida para desenvolver os maiores feitos em IA levou à preocupação com o roubo de tecnologia, o que poderia ameaçar a segurança econômica e nacional.
Autoridades dos EUA alertaram startups de tecnologia no ano passado que adversários estrangeiros (China, claro) aumentaram os esforços para adquirir seus dados sensíveis. Não sabemos se o mesmo acontece no sentido contrário.
A OpenAI está restringindo até o compartilhamento com funcionários da companhia a dados sensíveis;
Ela reduziu significativamente o número de pessoas que têm acesso aos novos algoritmos em desenvolvimento, segundo fontes internas;
Uma parte da tecnologia será mantida em ambientes isolados, em computadores sem rede de internet.
QUANTO CUSTA DORMIR BEM?**
Dormir bem tem um preço. Um teto, lençóis macios, um travesseiro fofo e um bom colchão. Tudo custa. Este último luxo pode ficar cada vez mais caro.
A Abicol (Associação Brasileira da Indústria de Colchões) afirma que uma nova medida antidumping do governo sobre o poliol, insumo usado na produção de espumas, pode aumentar em até 20% o preço dos colchões, no curto prazo, para o consumidor final.
Medidas antidumping são aquelas que tentam evitar a enxurrada de produtos vinda de outros países com preços muito mais baixos do que os encontrados no mercado doméstico. O objetivo é proteger a concorrência local.
O QUE ESTÁ DENTRO
O poliol é usado na confecção da espuma de colchões. Mais da metade do poliol consumido no Brasil tem origem no exterior e o produto representa até 55% da composição da espuma e até 35% do custo final de um colchão.
O governo publicou uma resolução que estabelece sobretaxas às importações brasileiras de polióis poliéteres originárias da China e dos EUA por até cinco anos, com efeito imediato sobre cargas já em trânsito ou desembaraço aduaneiro.
Com a medida, o insumo deve entrar mais caro no Brasil, o que encarece os colchões e outros estofados que levam a espuma, como bancos de carros.
UM PROBLEMINHA
Digamos que a concorrência entre produtores do material em âmbito nacional não é das mais acirradas.
Na verdade, segundo o MDIC, há apenas um fabricante de poliol aqui: a Dow, de capital estrangeiro. A pasta afirma que dados sobre a capacidade da indústria doméstica são restritos às partes interessadas no processo.
A Abicol diz que não há comprovação de que a capacidade produtiva da empresa seja suficiente para atender toda a demanda nacional.
Procurada, a Dow não respondeu até a publicação desta reportagem.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
R$ 10 BILHÕES
É isso quanto os brasileiros ainda têm a receber no sistema do Banco Central.
REFORMANDO A CASA
Javier Milei, presidente argentino, dissolveu a empresa estatal de transporte e anunciou a reestruturação de outros sete órgãos.
UM POUQUINHO MENOS
O imposto mínimo para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano pode sair dos 10% pretendidos para 8%, segundo o deputado federal Arthur Lira (PP-AL).
DEVO, NÃO NEGO
A Anac diz que a concessionária do aeroporto de Viracopos, em Campinas, deve R$ 1,1 bilhão à União.
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