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Wilson Lima se desfaz da cara de inocente e perde o benefício da dúvida…


Por Raimundo de Holanda

06/12/2020 20h47 — em
Bastidores da Política


  • Alguém precisa dizer para Wilson Lima que ele ficava melhor na figura do menino chorão, com cara de inocente, vitima de um processo eleitoral perverso...

O governador do Amazonas, Wilson Lima, tem problemas que ele não criou, mas pelos quais paga um alto preço. E tem problemas que passou a criar, seja interferindo nas decisões  da Assembleia Legislativa, seja processando apresentador de programa de tv que  apenas repetiu o que já vem sendo dito sobre a sua conduta. 

Wilson passava até aqui a ideia de uma certa quietude, uma aparente inocência dos atos a ele atribuídos, ou da consciência de que alguém os praticou. Era uma figura  que tinha a seu favor  o benefício da dúvida - o menino do Pará, que é ungido governador  do maior Estado da Região, mas  termina refém de grupos de interesse.  Essa ideia, de inocência ou ingenuidade acabou - e era positiva, à medida que a mistura (com esses grupos)  era heterogênea, como água e óleo, que podiam, pelo processo de decantação, ser separados. 

No final, apareceriam os bandidos e Wilson emergiria como vítima de uma quadrilha infiltrada no governo.

Isso acabou. Wilson não apenas criou novos problemas - vem ai a CPI do Delfina Aziz, que vai apurar contrato milionário  com a empresa que administra o hospital,  além de outras retaliações dos deputados, como a rejeição ao candidato que ele pretende emplacar na vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas.

Wilson acaba de implodir a base parlamentar que sustentava o seu governo e evitava o  processo de impeachment,  abortado este ano, mas que retorna com força entre os parlamentares. 

Alguém tem que dizer para Wilson Lima que ele ficava melhor na figura do menino chorão, com cara de inocente, vitima de um processo eleitoral perverso e do qual ele foi vitima. 

Com as medidas adotadas ultimamente, essa mistura com grupos de interesse apenas revela que tem a mesma densidade e não pode mais ser separada.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.