Sombras sobre o Supremo
No país do “supostamente”, palavra que justifica a pecha de corrupto ou ladrão e baliza inquéritos instaurados a toque de caixa, um dos poderes da República - o Legislativo - foi desmoralizado e tornou-se um zumbi entre as instituições do Estado. Nos seis últimos anos, o Executivo sofreu um desmanche moral. Sobrou o Judiciário e um braço separado do governo que agia em nome da moralidade pública. A Lava Jato expeliu alguns tumores, mas deixou a democracia manca.
Ou é possível um regime democrático sobreviver com um Legislativo desmoralizado e um Executivo refém de seus pecados?
Agora o alvo é o Judiciário. “São os amigos dos amigos de meu pai”. É a sombra da Odebrecht que ressurge e ameaça manchar a imagem de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Até onde essa corda vai ser puxada, ninguém sabe. Mas censurar a imprensa parece ser quase uma admissão de culpa.
No país onde verdade e mentira se misturam, nada parece verossímil, nem falso. O dilema do brasileiro tem sido esse: descobrir a verdade. E quando ela aparece ninguém sabe decifrá-la.
A censura a órgãos de imprensa que buscam a verdade muitas vezes aparece como uma sombra para esconder a luz. E o país fica nessa escuridão moral onde, ao que parece, ninguém escapa.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Lava Jato, lula, PGR, stf-dias toffoli
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.