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Saiba porque Wilson Lima pode ser afastado do cargo pelo STJ


Por Raimundo de Holanda

23/05/2021 19h23 — em
Bastidores da Política



A  chance do governador do Amazonas, Wilson Lima, ser afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça no dia 2, quando a denúncia da PGR entrará em pauta para  ser acolhida ou rejeitada pela Corte, não é pequena. Na denúncia, a subprocuradora da República, Lindôra Araújo, não pede expressamente o afastamento, mas reconhece  que o governador "é o comandante do esquema criminoso que desviou dinheiro público através da compra pela Susam de respiradores superfaturados", os mesmos fundamentos que robusteceram a representação da Polícia Federal durante a fase investigatória, com  uma diferença: a PF pediu o afastamento do governador com base no interesse público, pelo resguardo da moralidade administrativa e do patrimônio público, que, cautelarmente, pode ser atendido  pela Corte Especial.

E há um fator politico determinante que depõe contra o governador neste momento: a CPI da Covid no Senado avança sobre o governo Bolsonaro. Como reação, o vento que sopra do Palácio do  Planalto rumo ao STJ é carregado de intenções e com um poder capaz de mudar a configuração desse julgamento. Que é politico, sim.

Na prática, o governo Bolsonaro tenta se blindar de qualquer envolvimento na crise de oxigênio de Manaus, que resultou em centenas de mortes e que é um dos fundamentos da CPI. A blindagem, para ser resistente, precisa de um culpado. E este tem nome: Wilson de Miranda Lima.

Não à-toa  o julgamento foi pautado um dia antes da instalação da CPI, 32 dias depois de apresentada a denúncia. Parece tempo demais para um leigo, mas não para quem acompanha as pautas do tribunal.   

A conclusão que se chega é que o STJ identificou “inesperadamente" urgência na apreciação da matéria, e, por consequência, a incidência de cautelares (afastamento)  sem a necessidade de intimação do governador, em razão do interesse (político) público dominante.

Afinal, estão claros os crimes de peculato, organização criminosa, fraude em licitação e outros, praticados contra a administração pública pelo governador do Amazonas durante a segunda onda da pandemia.

É uma bronca do tamanho do Brasil e  Wilson é o lado frágil dessa história. Subirá ao cadafalso para salvar a república bolsonarista, em perigo.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.