Os instintos de Amazonino e uma candidatura ao governo do Amazonas ainda sob sério risco
Com o PP logo pela manhã sendo cooptado e fechando as portas para Amazonino Mendes, o ex-governador se apegou a única opção que restava: o Cidadania. E é para valer, o que não significa que acabaram os seus problemas, agora diante de um quadro novo, em que o Cidadania se juntará ao PSDB e constituirá uma Federação, com estatuto e programa únicos durante e depois das eleições deste ano.
O que significa? Que por um lado Amazonino vai dispor de mecanismos eleitorais que não tinha, recursos do fundo eleitoral, estrutura de campanha e candidatos que podem puxar votos ou agregar, como Arthur Virgilio, Wilker Barreto, Amon Melo, Conceição Sampaio, só para citar alguns nomes - mas, de outro, insatisfação com seu nome por parte de tucanos independentes, que veem nele um intruso, como o senador Plínio Valério, que não desistiu de disputar a indicação para ser o candidato a governador do Estado.
Amazonino está onde não queria, onde não planejou, por erros de estratégia política, de visão das estruturas partidárias que se abriam e se fechavam diante de sua inexplicável indecisão.
Esperou o melhor momento e perdeu as melhores oportunidades.
É possível que durante a campanha (caso não surjam empecilhos dentro da nova configuração politica, produto da junção do Cidadania com o PSDB, e de fato seja o escolhido para disputar pela nova Federação o governo do Estado), ele se desfaça dos entraves que criou e siga o instinto politico que sempre teve.
Amazonino, nestes últimos meses foi adversário de si mesmo e sofreu recusas que podem ser contabilizadas como derrotas. Não pode mais perder. Nem espaço, nem comando de campanha, nem o direito de fazer escolhas, inclusive do vice da sua preferência.
Ao contrário de muitos políticos que rompem com os vices ou se desfazem deles, Amazonino tem um histórico de dividir poder. E essa é uma responsabilidade muito grande. Para ele o vice é importante, mas é importante também para o Estado do Amazonas ter um nome com capacidade de, no caso de eventual vitória, ajudar a comandar o Amazonas pelos próximos quatro anos.
Amazonino também não pode continuar perdendo o que ele tinha de melhor: amigos. Eles têm desaparecido, o que explica em parte um certo isolamento do ex-governador, e o crescimento de grupos de interesse em torno dele , que freiam seus instintos. Os melhores instintos. Instintos políticos….
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.