O recorde de David: 53 dias como prefeito e dois pedidos de afastamento
O prefeito David Almeida experimenta um desgaste precoce e inédito. Com menos de 60 dias no cargo, responde a dois pedidos de afastamento. O primeiro, encaminhado ao Tribunal Federal da Primeira Região, que deve se manifestar sobre a competência Estadual ou Federal para julgar fatos relativos à campanha de imunização contra a Covid 19. O segundo está nas mãos de um juiz de primeiro grau. Os pedidos são idênticos, mas com a diferença de que agora o MP, através de duas promotorias, assinala fatos relativos a improbidade administrativa praticados pelo prefeito e aponta cada um deles.
Ao contrário da Nota que a Prefeitura de Manaus publicou no inicio da noite desta segunda-feira, a contratação de médicos e distribuição de vacinas fora dos grupos prioritários não são corretos, assim como não foi republicano “aconselhar” que nenhum funcionário que recebesse a vacina registrasse o ato com fotografias ou video. O que queria esconder ? Provavelmente nada, mas agiu como se dono fosse da vacina e coubesse a ele definir quem poderia ser vacinado.
São dois pedidos de afastamento e prisão, e este último pode prosperar, pela força do argumento das promotoras e das provas apresentadas. Não se trata mais de quem vacina e qual ente é ou não responsável pela imunização, ou a quem pertence o imunizante, mas os atos que levaram a sua utilização irregular, os meios disponibilizados para isso, inclusive a contratação de médicos para cargos alheios à profissão.
Caso o TRF1 decida que a competência é da Justiça Estadual julgar o primeiro pedido de prisão - o argumento do GAECO é que David desviou vacinas para atender a interesses particulares, e promoveu fraude na fila de prioridades - o prefeito terá dificuldades para ser “imunizado"contra a acusação de improbidade. É pouco provável que seja preso ou afastado - as relações do Judiciário e do Executivo são muito próximas - mas a Covid já está provocando um grande estrago na sua carreira politica e pode matá-la precocemente.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.