O mistério do desvio de três mil testes de Covid do Amazonas para Roraima
O governo do Amazonas tem em mãos um problema: apontar quais funcionários facilitaram o desvio de três mil testes de Covid e o dever de exonerá-los a bem do serviço público.
A Central de Medicamentos do Amazonas é um local monitorado 24 horas. Câmeras de segurança registram a entrada de cada carro, cada passo dos funcionários, fora a fiscalização interna criada para evitar desvios e avaliar a quantidade de entrada e saída de material. O sistema é bom, mas falhou inexplicavelmente essa semana, quando três mil testes rápidos de Covid desapareceram.
Não fosse a Polícia de Roraima, que suspeitou da carga quando atravessava em um furgão a fronteira entre os dois estados, a coisa nem viria a público.
O destino dos testes eram farmácias e clínicas, que venderiam o produto em Boa Vista.
O governo tem em mãos um problema: apontar quais funcionários facilitaram o desvio e o dever de exonerá-los a bem do serviço público. Se há suspeitos apenas, cabe afastá-los até que procedimento administrativo para apurar o caso seja concluído.
O fato é gravíssimo e o governo precisa e deve agir com transparência.
Que houve facilitação, houve. Quem facilitou, quem delinquiu, se apropriando de um bem da sociedade de uso excepcional em momento critico vivido pelos amazonenses, deve ter nome, sobrenome, ato de nomeação e cargo.
É preciso uma investigação célere, com punição dos culpados, com a divulgação inclusive de seus nomes e cargos. Os amazonenses exigem isso, porque os testes contra Covid são um bem público, um bem da sociedade e cada cidadão, ao pagar impostos, contribuiu com sua aquisição.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.