O ‘jab’ que derrubou Simão Peixoto, prefeito de Borba
- Simão não é o pior nem o mais desonesto político do Amazonas. É igual a maioria que você conhece. A diferença é que é o menos dissimulado…Ou por que nunca teve noção de seus erros ou porque sempre quis ser diferente.
- O que não se compreende é por que os outros, os cínicos, os que falam em honestidade em público e no privado avançam sobre o patrimônio da sociedade não estão presos.
O prefeito de Borba, Simão Peixoto, foi novamente afastado do cargo. Agora sob a acusação de manipular testemunhas em investigação de desvio na merenda escolar. Diga-se tudo de Peixoto, menos que não é transparente. Todas as malfeitorias das quais é acusado foram feitas às claras.
A suposta manipulação de testemunhas ocorreu por videoconferência. Simulou espancar uma vereadora, levou um adversário para o ringue numa inédita luta de MMA.
Pesam contra ele denúncias de corrupção, violência política de gênero, desacato e outras não provadas. Num de seus rompantes, deu murro no rosto do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, Roberto Cidade, e criou um inimigo de peso, difícil de vencer no ringue da política.
É nesse ringue que ele está agora, apanhando, depois de levar um jab direito, um mata leão, uma guilhotina e cair de quatro. O juiz não se deu ao trabalho de contar até 10.
Preso nesta quarta-feira e afastado por 180 dias do cargo, Simão acabou - pelos seus erros, pela sua arrogância, pela falta de noção do que é a política, seus limites, as artimanhas, as alianças secretas, os acordos espúrios, a cumplicidade que a sustentam. Um campo minado onde só sobrevivem os cínicos.
Não é o pior político do Brasil. É o menos dissimulado. Ou por que nunca teve noção de seus erros ou porque sempre quis ser diferente.
O que não se compreende é por que os outros, os cínicos, os que falam em honestidade em público e no privado avançam sobre o patrimônio da sociedade não estão presos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.