O empréstimo bilionário do BNDES à Águas de Manaus
Os recursos obtidos pela Águas de Manaus (R$ 1,5 bilhão), junto ao BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento), vão consolidar um projeto de expansão da rede de esgoto de Manaus, mas há sério risco de impactar na tarifa de água, já num nível excessivamente elevado.
O Banco vai entrar com R$ 255 milhões e emissão de debêntures incentivadas, no valor de R$ 1,245 bilhão. O que é isso? Títulos privados, o que significa o compartilhamento de riscos do banco estatal com outros investidores do mercado.
A questão, entretanto, não é de números ou o nível de risco desse empréstimo bilionário para uma empresa que até 2022 reclamava de prejuízos.
A questão é como esse projeto de universalização do saneamento vai impactar nas famílias - nos consumidores de água.
É importante ter uma rede de esgoto, porque reduz o número de doenças e contribui para melhoria de vida das pessoas. Mas chegou a hora de perguntar se esse objetivo será alcançado e qual o controle exercido sobre essa empresa.
Pelo que se sabe, a Águas de Manaus foi autuada por inúmeras irregularidades ao longo dos últimos anos, mas usa de um notável poder de persuasão sobre os órgãos de controle e não paga pelas falhas cometidas.
Agora, resta esperar que esse financiamento não se torne mais um tiro no pé de um banco que é mantido pelo contribuinte brasileiro e que, no final, é quem paga duplamente pelos projetos, vendidos como essenciais para as cidades, mas resultam em retumbantes fracassos.
A aposta é que isso não ocorra agora...
ASSUNTOS: Águas de Manaus, BNDES, universalização do saneamento

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.