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O crime vigia, se antecipa ao estado e controla a região


Por Raimundo de Holanda

21/10/2025 19h32 — em
Bastidores da Política


  • O governo Lula parece indiferente ao crescimento da violência e da desigualdade no Amazonas. Usa o discurso ambiental como desculpa para não fazer nada.
  • Como não quer enfrentar o problema, coloca o selo de “proteção da floresta” e pronto — o assunto morre.
  • O Amazonas continua isolado do resto do país — sem estrada, sem infraestrutura, sem investimento. E onde o Estado não chega, o crime chega primeiro.

Infelizmente, não é força de expressão. Os drones que sobrevoam o Amazonas são mesmo os olhos do crime. Eles enxergam o que o Estado brasileiro não vê. Vigiam, seguem e se antecipam. Enquanto isso, a polícia tenta adivinhar onde agir. 

É uma inversão total: quem tem tecnologia e presença domina o território. Isso acontece porque o governo federal, há muito tempo, não se preocupa em diminuir as desigualdades da região. 

O problema não é só do governo. O Judiciário também se cala.

Quando o homem regional — aquele que vive do garimpo, da pesca ou do transporte fluvial — procura a Justiça para tentar impedir que explodam as balsas onde mora e trabalha, o que ele escuta é que “a causa é complexa”. E com isso, o caso fica parado.

Mas o que há de tão complexo em pedir para o Estado não destruir o pouco que resta a quem já não tem nada?

O que o ribeirinho espera não é milagre — é bom senso: que o Estado combata o crime, sim, mas sem tratar o trabalhador pobre como criminoso. Só que o Judiciário, em vez de mediar, se esconde atrás da formalidade processual. É a dura realidade local.

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ASSUNTOS: Amazônia, Lula desigualdade

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.