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O capitão, o assaltante e o debate que faltava


Por Raimundo de Holanda

07/10/2020 21h06 — em
Bastidores da Política



A prisão nesta quarta-feira de um suspeito de roubar celulares dentro de um ônibus em Manaus incomodou. É ano eleitoral e o autor da prisão, embora capitão licenciado e deputado federal, é candidato a prefeito de Manaus. Se houve quem aplaudisse, houve quem tentasse  inverter a versão dos fatos, atribuindo ao candidato uma suposta trama para ganhar a simpatia de uma população ameaçada, amedrontada, refém de organizações criminosas com  tentáculos em todo o Estado.  Não colou a estratégia da desconstrução, largamente utilizada por adversários  nas redes sociais, mas ficou uma questão importante para ser discutida: o candidato, deparando-se com um fato já vivido por ele em outras ações como policial, portanto preparado para esse tipo de evento,  deveria omitir-se?  Se afastar do local enquanto o crime se consumava ?  Evidentemente que não. 

Há outra questão relevante (extraída desse episódio), para aqueles dispostos a trocar o bate - boca por um debate construtivo nesta eleiçãoA segurança pública, embora toda ela concentrada nas mãos do Executivo Estadual, deve ser  reavaliada e as prefeituras assumirem parte dessa tarefa, não apenas com as guardas municipais, mas atuando na prevenção, em uma estrutura compartilhada entre União, Estados e Municípios? Está aí o grande debate. As soluções  surgirão  a partir de consensos a serem construídos. 

NOTA: Registro esse fato por um dever de justiça ao capitão e ao seu espirito destemido. Mas meu candidato é outro..

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.