O capitão, o assaltante e o debate que faltava
A prisão nesta quarta-feira de um suspeito de roubar celulares dentro de um ônibus em Manaus incomodou. É ano eleitoral e o autor da prisão, embora capitão licenciado e deputado federal, é candidato a prefeito de Manaus. Se houve quem aplaudisse, houve quem tentasse inverter a versão dos fatos, atribuindo ao candidato uma suposta trama para ganhar a simpatia de uma população ameaçada, amedrontada, refém de organizações criminosas com tentáculos em todo o Estado. Não colou a estratégia da desconstrução, largamente utilizada por adversários nas redes sociais, mas ficou uma questão importante para ser discutida: o candidato, deparando-se com um fato já vivido por ele em outras ações como policial, portanto preparado para esse tipo de evento, deveria omitir-se? Se afastar do local enquanto o crime se consumava ? Evidentemente que não.
Há outra questão relevante (extraída desse episódio), para aqueles dispostos a trocar o bate - boca por um debate construtivo nesta eleição: A segurança pública, embora toda ela concentrada nas mãos do Executivo Estadual, deve ser reavaliada e as prefeituras assumirem parte dessa tarefa, não apenas com as guardas municipais, mas atuando na prevenção, em uma estrutura compartilhada entre União, Estados e Municípios? Está aí o grande debate. As soluções surgirão a partir de consensos a serem construídos.
NOTA: Registro esse fato por um dever de justiça ao capitão e ao seu espirito destemido. Mas meu candidato é outro..
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.