O Brasil está desistindo do Amazonas
- O Amazonas não quer devastar, quer participar do futuro. É preciso romper o paternalismo que confunde proteção com proibição e reconhecer que interesses políticos não se confundem com o interesse público. A floresta em pé só será valorizada quando gerar prosperidade a quem a preserva. O verdadeiro risco ambiental é o atraso imposto por quem fala em nome dela.
O Amazonas, de dimensões continentais, poderia ser exemplo de prosperidade sustentável, mas tornou-se refém de uma tutela ambiental que impede o uso racional de suas riquezas. Em nome de um discurso protetor, o Estado é tratado como incapaz de gerir o próprio território, enquanto a pobreza se perpetua sob o pretexto da preservação. O recente pedido do MPF para suspender projetos de crédito de carbono simboliza esse bloqueio travestido de zelo ambiental.
É legítimo exigir transparência e consulta às comunidades, mas suspender toda a política de carbono é confundir irregularidade com inviabilidade. O controle jurídico não pode substituir a formulação de políticas públicas. Ao imobilizar iniciativas econômicas que poderiam conciliar conservação e renda, o MPF reforça um modelo que eterniza a dependência amazônica e transforma a floresta em vitrine de discursos externos.
A contradição é evidente: o mesmo governo que restringe a economia amazônica autoriza a Petrobras a prospectar petróleo na foz do rio Amazonas. O problema, portanto, não é o risco ambiental, mas o critério político. O desenvolvimento, quando regulado e tecnicamente acompanhado, não destrói a natureza; ao contrário, permite preservá-la com recursos gerados de forma legítima e moderna.
ASSUNTOS: Amazônia, crédito de carbono
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.