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Eleições 2022: Os filhos do Boto e o pote de ouro de Wilson Lima


Por Raimundo de Holanda

24/03/2022 20h14 — em
Bastidores da Política



Eleição é sempre uma festa. Ou era. Foi-se o tempo em que os políticos incorporavam às campanhas parte do folclore amazonense e assumiam personagens do imaginário coletivo. Foi assim o retorno de Gilberto Mestrinho em 1983, eleito por dois mandatos consecutivos,  com a segunda campanha usando o  Jingle Boto Navegador.

“Pelo rio o caboclo navega sem medo ôôô

Vê arara, uirapuru, boto e tucunaré ééé…"

Gilberto tinha fama de ter muitos filhos, tantos que - diziam -  não dava para contar nos dedos. E mulheres encantadas, que o aplaudiam e choravam quando o viam. Na verdade, Mestrinho foi ídolo de seu tempo e seus sucessores - Amazonino, Eduardo Braga, Omar Aziz e José Melo - governaram o estado por mais 40  anos. Não eram filhos do Boto, mas ingressaram na politica pelas mãos dele.

Amazonino assumiu a cor, mistura de caboclo e de negro, e passou ser conhecido como Negão. Como Gilberto, é um sonhador e talvez o “filho" que mais compreendeu o futuro que Mestrinho projetava para o Estado. Governou o Amazonas e Manaus por vários mandatos, investiu no social e criou uma universidade, a UEA. Nesta eleição, aos 83 anos, busca de novo chegar ao governo. Eduardo  Braga, o segundo  “filho”, governou o Amazonas por dois mandatos. É  senador, foi ministro das Minas e Energia e ‘o homem da ponte Rio Negro'. Omar, o terceiro filho do Boto, tenta a reeleição para o Senado…

O governador Wilson Lima quebrou  o ciclo de vitórias da família do Boto, ao derrotar Amazonino em em 2018  com uma diferença de mais de 300 mil votos.

Agora candidato à reeleição, Wilson enfrenta a um só tempo dois filhos de Gilberto: o próprio Amazonino e Eduardo Braga. Sentado em um pote de ouro, Wilson irradia poder através de um arco-íris também sedutor, atraindo adversários e reunindo um capital politico invejável. Aumentou as chances de segundo turno, mas há pedras no caminho. O  espírito do Boto ameaça ressuscitar em um de seus filhos. Assim  diz a lenda...

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.