Às vésperas da COP-30, o Brasil intensifica  esforços para se apresentar ao mundo como defensor da preservação ambiental e da transição energética sustentável. Na contramão desses “esforços”, o Congresso Nacional aprovou — com o aval do próprio governo — a prorrogação dos subsídios e outorgas para termelétricas a carvão por longos anos. A medida, que contempla interesses nada republicanos encampados pelo senador Eduardo Braga, é cinicamente  justificada com o argumento de “segurança energética”.

A contradição desse discurso em relação à Amazônia, é evidente. De um lado, o governo exige da região — e particularmente do Estado do Amazonas — o papel de guardiã da floresta, impondo restrições econômicas em nome da proteção ambiental. De outro, mantém incentivos a fontes altamente poluentes, em flagrante incoerência com o discurso de sustentabilidade.

Enquanto o Amazonas suporta os custos da conservação, o poder central investe em modelos energéticos ultrapassados e ambientalmente nocivos. O resultado é um descompasso entre o que o país promete e o que pratica. 

A renovação dos subsídios ao carvão enfraquece a credibilidade do Brasil às portas da COP-30 e depõe contra toda a política ambiental anunciada.

Quando o próprio Estado brasileiro estimula a permanência de uma matriz energética poluente, desrespeita não apenas compromissos internacionais, mas a sua própria Constituição. Cobra-se da floresta que salve o clima, enquanto se autoriza, com o beneplácito do Congresso, práticas que o comprometem.