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A “delação” que recoloca Wilson Lima no centro do escândalo dos respiradores


Por Raimundo de Holanda

25/07/2020 22h48 — em
Bastidores da Política



Alcineide Figueiredo Pinheiro, demitida da gerência de compras da Susam após a operação Sangria, da Polícia Federal, falou muito mais do que lhe foi perguntado. Seu depoimento  à PF tem caraterística de delação. Ela tirou das sombras um operador e fez o histórico do  esquema da compra superfaturada de respiradores pelo governo do Amazonas. Fez mais: recolocou o governador Wilson Lima no centro de um escândalo  que pode custar o seu mandato.

O vazamento da “delação de Alcineide”, com toda a carga explosiva colocada nos ombros do governador Wilson Lima, reacendeu a preocupação com novos desdobramentos da Operação Sangria e a possibilidade, real, de o governador ter o pedido de prisão, já feito na primeira fase da operação  pela Polícia  Federal, mas  negado pelo STJ, ser reconsiderado.

Alcineide reconstrói, na “delação”, o passo a passo da compra dos respiradores, a entrada do operador Alencar no processo, com dinheiro  vivo e aval tácito do governador.

Na ”delação”, Alcineide diz ter questionado a forma como a compra estava sendo realizada, fora de parâmetros legais da administração pública, além do preço, considerado excessivo, mas ouviu do secretário da Susam  Rodrigo Tobias e do Secretário Executivo, João Paulo,  a seguinte frase: “ vai ter que comprar. É de ordem”.  De quem ?  Alcineide diz que entendeu que a ordem seria do governador Wilson Lima.

Vai ser difícil desconstruir  o relato  de Alcineide. A Polícia Federal,  que apreendeu seu celular durante a operação Sangria, extraiu mensagens de texto e áudios com os personagens que ela acusa. Vem aí um agosto sombrio e talvez um novo governo…

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ASSUNTOS: Amazonas, Operação Sangria, PF, PGR, respiradores, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.