Criança hoje, adulto amanhã. Mas onde estão nossos pais?
O Dia das Crianças é de lembranças para nós que crescemos e envelhecemos. Olhando os pequenos correndo na rua a memória incendeia. Personagens marcantes em nossas vidas retornam como a muito tempo atrás. A figura do pai, que os anos apagaram. A mãe, tão dedicada e aflita, que também havíamos colocado em um cantinho escuro de nossa memória. Eles estão aqui, como uma luz que ejeta do passado para o presente uma pergunta que não pôde ser dada no tempo presente. "Como você está educando nossos netos ?"
E a presença deles é tão intensa que nos perguntamos o que fizemos por eles depois que crescemos? Ainda éramos jovens e eles estavam aqui, apontando caminhos, nos aconselhando, identificando nossos erros ou vibrando com nossos acertos.
Tiveram raras alegrias e choraram muito por nós. Mas o tempo é cruel. Como se pode esquecer, por longos dias, anos até, aqueles que utilizaram o remo e nos trouxeram de canoa para este lado do rio, nos deixando com segurança para formarmos uma família, para compartilharmos sonhos?
E de repente estamos repetindo o que eles fizeram, fazendo a travessia de filhos que nos esquecerão por longos anos. Pais aflitos, mães aflitas, derramando emoções, vibrando com as conquistas deles e lamentando seus erros. Alguns chorando de uma dor que não passa ao verem filhos consumidos pelo vício, ou presos em paixões proibidas.
Minhas crianças tem o que não tive, mas o que tive foi dado com suor e lágrimas, que eu não poderia nem tinha o direito de esquecer um só momento de minha vida.
Um Feliz ( antecipado) Dia da Criança que fomos, das crianças que temos e dos pais que tivemos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.