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CPI do Senado coloca PGR e PF dentro do Tribunal de Contas do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

29/06/2021 17h53 — em
Bastidores da Política


  • Várias empresas, que teriam ligação com a conselheira Yara Lins, terão os sigilos telemático e fiscal quebrados pela CPI do Senado

A conselheira Yara Lins pode responder a um processo por peculato, advocacia administrativa e corrupção  junto ao Superior Tribunal de Justiça, caso a Procuradoria Geral da República acate a denúncia que será feita contra ela pela CPI da Covid do Senado, que  apura omissões e irregularidades nas ações de agentes públicos durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.

O escândalo foi levado para dentro do Tribunal de Contas do Amazonas depois do depoimento do deputado Fausto Júnior, relator da CPI estadual, que também apurou responsabilidades na compra de respiradores e insumos na primeira onda da pandemia em Manaus.  

Fausto foi acusado de dar proteção ao governador Wilson Lima, ao não indiciá-lo, e sua mãe acabou citada pelo presidente da Comissão, Omar Aziz, como parte dessa proteção e de ter seu patrimônio elevado nos últimos anos.

Várias empresas, que teriam ligação com a conselheira, terão os sigilos  telemático e fiscal quebrados pela CPI.

Fausto não se preparou  para uma inquirição mais profissional, embora tenha municiado a CPI de informações importantes - como o fato de o governo do Amazonas não ter comprado um respirador sequer, mas BiPAPs, um tipo de aparelho de ventilação não invasivo, de uma adega de vinho, numa triangulação com outras empresas, inclusive, segundo ele, com a participação da ex-secretária de comunicação,  Daniela Assayag.

Inquérito da Polícia Federal  isentou Daniela, mas as suspeitas continuaram, tanto que o deputado voltou a citar a ex-secretária em seu depoimento à CPI nesta terça-feira.

Errou ao tentar atingir o presidente da comissão, em uma atitude fora da curva, em assunto alheio ao caso Covid.  Isso revoltou os senadores, que resolveram fazer uma devassa na vida de sua família, especialmente por não ter denunciado o governador e por suspeitas de que sua mãe interfere de certa forma nas suas decisões.

O tapete no TCE começou a ser virado por volta de 14 hs e a poeira se espalhou.  Agora uma possível investigação da PGR e da Polícia Federal no  tribunal não se debruçará apenas sobre Yara, que chegou à Corte de Contas  sem concurso público, como auditora, na época em que o TCE  era conhecido como Tribulins, pela grande influência de sua família, constituída de políticos, nos sucessivos governos. Eram eles que indicavam a maioria dos funcionários ou sugeriam nomes de auditores e conselheiros.

Reside ainda uma suspeita de superproteção ao governador Wilson Lima no Tribunal. Suas contas de 2019 não foram julgadas  e as de 2020 estão emperradas, apesar do esforço do relator em colocar em pauta. Mas a turma do "deixa pra depois" obstrue sucessivamente sua votação.

O Tribunal, entra assim, na rota da CPI, da PGR, da PF e do Superior Tribunal de Justiça. Pode ser o inicio de uma salutar depuração…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.