Compartilhe este texto

Bolsonaro não é o único culpado pelas mortes por Covid. Tem cúmplices em todos os Poderes


Por Raimundo de Holanda

19/06/2021 19h57 — em
Bastidores da Política


  • Bolsonaro não peca sozinho. São cúmplices pessoas e instituições que fecham os olhos a esse verdadeiro crime que o presidente comete diariamente contra o País.

Para a minha geração, que enfrentou e venceu um regime que restringia direitos, investia contra a liberdade de expressão, corrompia, torturava e matava, era impossível imaginar que viveríamos tempos ainda mais difíceis, que a democracia que construímos seria uma janela para a instalação de um governo com viés autoritário e com uma incrível capacidade de cooptar instituições criadas para defender a democracia.

Não. Era impossível prever. Embevecidos pela ilusão de que vencemos o atraso e a violência estatal, que a partir dali estávamos construindo um  novo País, esquecemos de investir na educação dos brasileiros.

Como acusar os eleitores de não saberem votar se não conhecem a própria história? Como criticar os que seguem à risca os conselhos de um homem  aparentemente esquizofrênico, doente, que prega o ódio, a divisão de classes, que ignora a ciência, que conduz o Brasil para a beira do abismo?

Como acusá-lo de ser o único responsável pelas mortes decorrentes de uma pandemia que poderia ser contida, caso os brasileiros fossem mais informados, mais politizados?

Como ignorar que Bolsonaro rompeu o sistema de pesos e contrapesos e leva de roldão o Congresso e o Supremo Tribunal Federal? Ou como explicar essa cumplicidade dos poderes com os desvarios do Chefe do Executivo ?

Ou, do contrário, não permitiriam que ele delinquisse em nome de um projeto de poder, que ele  expusesse o País ao ridículo, que ele ameaçasse fechar a Suprema Corte, que ele se assenhoreasse da Câmara dos Deputados, que ele mantivesse sob controle o principal órgão criado para fiscalizar as ações dos Poderes da República.

Os militares nos anos de chumbo teriam matado 500 brasileiros, mantidos em porões e torturados, ou vÍtimas de combates. No dia em que o PaÍs chega a 500 mil mortos por Covid, Bolsonaro pode ser responsabilizado por ao menos 100 mil mortes, por desafiar a ciência, por se recusar a comprar vacina, por pregar a imunidade de rebanho, por estimular a  população a não respeitar o distanciamento e o uso de máscaras.

Mas não peca sozinho. São cúmplices pessoas e instituições que fecham os olhos a esse verdadeiro crime que o presidente comete diariamente contra os brasileiros.

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.