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Tarsila é esnobada na Art Basel em Miami, mas brasileiros vendem bem

Por Folha de São Paulo

02/12/2021 17h36 — em
Arte e Cultura



MIAMI, EUA (FOLHAPRESS) - Não foi o caos de sempre. A versão pós-pandemia da Art Basel Miami Beach foi mais calma, mas alguns galeristas já sorriem meio aliviados.

Os preços dos artistas brasileiros na feira, turbinados pelo dólar estratosférico da era pandêmica mais o caos do governo Bolsonaro, sem dúvida vão engordar o caixa do mercado na temporada de fim de ano.

Peso pesado entre os preços, um "Bólide" de Hélio Oiticica custava nada menos que US$ 2 milhões, ou R$ 11,2 milhões, na galeria britânica Lisson. Seria o suficiente para desbancar qualquer recorde de leilão no país caso fosse vendida na feira.

Mas o que foi vendido não fez feio. Uma tela de Beatriz Milhazes, na americana Pace, saiu por US$ 1,3 milhão, ou R$ 7,3 milhões. Na mesma galeria, uma das mais fortes do planeta, uma tela de Marina Perez Simão, artista em rápida ascensão no mercado global, encontrou um comprador disposto a desembolsar US$ 100 mil, ou R$ 562 mil, por ela.

Talvez o mais curioso dos casos, no entanto, seja um trabalho esquecido de Tarsila do Amaral. Uma versão de "A Negra", cópia inacabada da tela original de 1923 pintada pela própria artista quase duas décadas depois, estava à venda por US$ 4 milhões, ou R$ 22,5 milhões, no estande da galeria Henrique Faria, de Nova York.

Esse trabalho, de cores esmaecidas que em nada lembram a exuberância da "Negra" hoje no acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, já circulou por feiras e leilões mundo afora. Sempre encalhou e não deve ser diferente agora em Miami, apesar do furor em torno de Tarsila no mercado desde que o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, pagou uma fortuna por uma tela da artista, "A Lua", dos anos 1920.

Mas o remix pobre da "Negra" não é nem dos anos 1920, a fase áurea de Tarsila, nem levado a sério por entendedores do mercado, que veem a peça como arremedo decadente da potência plástica da artista.

Fora isso, a feira de Miami emplacou algumas vendas já nas primeiras horas. Trabalhos de Tunga, na faixa dos US$ 80 mil a US$ 120 mil, ou de R$ 450 mil a R$ 674 mil, foram vendidos em instantes pela Millan. A mesma galeria paulistana também vendeu pinturas de Paulo Pasta e de Ana Prata, além de negociar uma tela da alemã Eleonore Koch, sensação da Bienal de São Paulo, por US$ 250 mil, ou R$ 1,4 milhão.

Na mesma Millan, peças de Lygia Clark, uma "Superfície Modulada" e dois da série "Bicho" saíam por US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão, ou de R$ 5,6 milhões a R$ 8,4 milhões.

Entre artistas históricos, trabalhos marcantes dos anos 1960 de Antônio Henrique Amaral tiveram bom desempenho na Casa Triângulo, de São Paulo. A mesma galeria ainda vendeu os dois trabalhos que trouxe a Miami do artista O Bastardo, mais novo queridinho do momento entre fashionistas e o povo artsy.

Na Simões de Assis, Zeh Palito, outro queridinho da hora, teve suas telas vendidas para um museu chinês. Emanoel Araújo, artista já consagrado da mesma casa, também encontrou compradores, entre eles os museus Hammer e Lacma, gigantes de Los Angeles.

Outra aposta, as abstrações geométricas de Habuba Farah, na Gomide & Co, também venderam como água, cinco telas nas primeiras horas da feira, que saíram por entre US$ 60 mil e US$ 80 mil, ou R$ 337,2 mil e R$ 449,6 mil.


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