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Raquel Dodge propõe gravar conversas entre presos e advogados, diz Jungmann

Por Agência O Globo

22/09/2017 14h09 — em
Brasil



BRASÍLIA - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, propôs que sejam gravadas conversas entre presos do comando do crime e advogados. Nesta sexta-feira, após cenário de guerra na favela da Rocinha, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que Dodge sugeriu a medida a ele, que já vinha defendendo a ação.

— Ela lembrou isso. Foi uma sugestão que ela deu e eu achei extremamente pertinente— disse o ministro, completando:

— A prisão se transforma em home office do crime organizado e do crime nas ruas.

O ministro comparou aos filmes o que pretende fazer nas carceragens federais: que presos de alta periculosidade e advogados conversem por meio de um parlatório, separados por vidros e por meio de telefones internos.

Jungmann disse estar em uma "cruzada" pela implementação dessa medida. Ele disse ainda esperar que as cadeias estaduais sigam o exemplo federal, caso isso aconteça. Sem estipular prazos para alguma ação do governo, o ministro atacou a "resistência" de advogados criminalistas sobre essa proposta. Além disso, prometeu levar o caso à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

— O advogado que se torna advogado de um bando pode ser chantageado, ele pode ser ameaçado de morto se ele não passar a servi-lo — emendou.

Jungmann voltou a citar a responsabilidade dos estados com o sistema penitenciário. Segundo ele, boa parte desse sistema é uma "peneira".

— Boa parte do nosso sistema prisional é uma peneira. Mas esse sistema, sobretudo, não é responsabilidade do governo federal. As atribuições competem aos governos estaduais — declarou, completando que o governo federal fez as varreduras, mas que é trabalho dos estados "mantê-las limpas".

O ministro esteve com Raquel Dodge na manhã desta sexta-feira, na Procuradoria-Geral da República (PGR). Ela tomou posse à frente do Ministério Público na última segunda-feira. Como antecipou a coluna Lauro Jardim, do GLOBO, o ministro propôs a criação de uma força-tarefa especial para a segurança fluminense, com órgãos como Ministério Público, Justiça Federal e Polícia Federal.

Mais cedo, já havia clima de guerra na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Houve intenso tiroteio no acesso à comunidade, que levou ao fechamento da Autoestrada Lagoa-Barra, em São Conrado. O governador, Luiz Fernando Pezão, pediu apoio das Forças Armadas. 950 militares devem chegar à comunidade por volta das 15h.

Jungmann deu como caso encerrado a defesa de um general da ativa do Exército de intervenção militar. Na última sexta-feira, o general Antonio Hamilton Mourão disse que "ou as instituições solucionam o problema político", retirando da vida pública políticos envolvidos em corrupção, ou então o Exército terá que impor isso.

— Me reuni com o comandante do Exército, ele tomou as providências necessárias, emitiu nota a esse respeito e este caso está encerrado — limitou-se a responder o chefe da Defesa.

O comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, não deixou claras as medidas tomadas contra Antonio Hamilton. Ainda, Villas Bôas declarou que só ele mesmo pode falar pelo Exército.


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