‘Não fui forte o suficiente para dizer não’, diz ex-executivo da Petrobras que levou US$ 500 mil
SÃO PAULO - Em interrogatório, o ex-executivo da área internacional da Petrobras, Demarco Jorge Epifânio, admitiu ao juiz Sergio Moro, na tarde de quarta-feira, ter recebido R$ 500 mil em vantagens indevidas pela compra de um navio-sonda da estatal. Epifânio é réu no mesmo processo que investiga o lobista Jorge Luz e seu filho Bruno por atuarem na contratação dos navios-sondas Petrobras 10.000 e Vitória 10.000, que teriam rendido propina a políticos do PMDB e funcionários da Petrobras.
Epifânio prestou depoimento na justiça federal de Curitiba, negando ter recebido propina pelo Vitoria 10.000. No entanto, levou algumas mensagens de e-mails trocadas com Luiz Carlos Moreira da Silva negociando os valores a serem recebidos pela negociação do Petrobras 10.000.
— São algumas mensagens trocadas com o engenheiro Moreira onde, em algum momento dessas mensagens, eu falo sobre relatório de sondas — os relatórios, em questão, eram codinomes para a propina.
Os emails, datados de 2008, negociavam o recebimento de 500 mil dólares em contas na Suíça. O ex-executivo afirmou ter pedido um complemento da propina, inclusive, após Moreira relatar que se aposentaria da Petrobras em alguns meses.
— Não fui forte o suficiente para dizer não. Todo o trabalho que fiz para a contratação do Petrobras 10.000 foi feito com toda e total avaliação técnica e econômica, ou seja, no melhor interesse da Petrobras e do sócio Mitsui, que estava o tempo todo ali com sua lupa.
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