"Agora a coisa ficou preta, Chico, cheguei para te finalizar"
O meu entrevistado desta semana poderia ter uma dupla personalidade, pois assim o observei em suas características. Eu o chamarei de Davi pela sua estatura mediana e também pela sua garra. E o chamarei de Golias por ter me demonstrado isso na grandeza de sua coragem, foco, determinação e ousadia. Ao longo de 17 anos de carreira política já pagou alguns preços dos quais não se arrepende, me confessou ainda que por defender seus ideais e convicções fez com que as pessoas conhecessem seus valores. Ele é vascaíno, tem 44 anos, manauense, nascido numa classe média descendente de portugueses. Possui um apelido que não tem absolutamente nada a ver com o seu nome, mas sim com os negócios da família. De todos os políticos que entrevistei, é um dos poucos a estar casado com a mesma mulher. Morou por muito tempo no exterior, foi fisgado pela política na campanha de Bill Clinton e durante nossa conversa teceu elogios ao governador Omar, ao Garcia e ao Gilberto Mestrinho, mas por Eduardo Braga a coisa mudou completamente de figura: “Ele não é acostumado a ouvir divergências. Ele não tem a capacidade de tolerar opiniões contrárias a dele, ou seja, ele é ditador”. Meu entrevistado é protestante, não bebe, não fuma e é quase um santo, não fosse um vinho acompanhado de um bacalhau que sempre degusta em família. Sua primeira vez foi literalmente carregado pelo pai, o mesmo o levou aos 14 anos no bairro de Cachoeirinha para ter acesso a uma provedora sexual. Praticamente um candidato ao governo do Estado, em 2014, me contou que a droga quase destruiu a sua família. Faixa preta em Jiu-jitsu, ele possui a técnica e a perseverança para enfrentar qualquer adversário, seja ele quem for. Confira agora no tatame com o deputado Marco Antonio, o ex- queridinho da Câmara Municipal de Manaus.Agora a coisa ficou preta, Chico, cheguei para te finalizar. Osssss!
Por Vivi Cariolano
Fotos: Taiane Sales
Que convite foi esse me desafiando no tatame? Você não tem medo de mim, não? Tem um político aí ~poderoso~ que tá fugindo da minha entrevista. Mas que audácia a tua, ahahha.
Primeiro, Vivi, quero te dizer que é um prazer está te recebendo aqui na minha casa e você pode comprovar a maneira normal que eu vivo. Ao contrário do que as pessoas pensam, vivo de uma forma muito normal, um padrão médio.
Por quê? As pessoas acham que você vive e nasceu num berço de ouro?
Nasci numa família que me deu uma boa educação, meus pais sempre primaram por isso. Eles me deram uma boa condição material, não posso ser hipócrita e dizer que nasci na pobreza, mas eu não nasci milionário.
Você não nasceu pobre?
Não, eu não nasci pobre. Nasci numa família de classe média e desde muito cedo os valores do trabalho e da conquista foram embutidos na minha vida, no meu caráter, no meu espírito. Não só no meu, mas de meus irmãos também.
Dos filhos você é qual número?
Sou o primeiro.
Olha, um primogênito!
Sou nascido em 1969, comigo tem um total de 08 filhos.
Oitoooooo?? Nessa classe média não tinha televisão, não??
Tinha, hahahaha.
São todos da mesma mãe e do mesmo pai?
Não.
Ah, tá!
Do casamento do meu pai e da minha mãe são 04. Temos uma irmã de coração desde muito novinha, a Amanda. Tenho outros 03 irmãos, por parte de pai. E na hora que soma o balaio totaliza 08.
E por que Chico Preto? Teu nome não é Francisco, você não tem a pele escura, que loucura é essa?
O meu nome não é Francisco, nem o do meu pai, nem do meu avô. Meu avô era português e como muitos que chegaram de outro país, ele montou um negocio que deu muito certo. Abriu uma loja que se chamava Chico Preto aqui na cidade. Era como se fosse hoje uma loja de departamento, estilo a Riachuelo, do mesmo jeito.
Qual o ano?
Anos 50, 60. Era enorme, vendia tudo de roupa. Essa loja marcou algumas gerações. As pessoas não o chamavam de Antonio e sim de Chico Preto, foi um passo para meu pai também ser chamado assim logo que nasceu e em seguida veio eu. Mas uma coisa meia boca...
Te chamavam de Chiquinho? Kkkk
Humhum, mas meus amigos e familiares me chamavam de Marquinho, pelo nome mesmo.
E evoluiu para Chico Preto quando?
Quando resolvi dar um passo para a política. E foi algo que eu quis, não foi uma imposição do meu pai. Foi uma decisão livre, racional e espontânea.
De pirralhinho você já pensava isso?
Não, foi por volta de 21, 22 anos.
Você estudava o quê nessa época?
Fiz administração, não concluí. Fiz contabilidade também, mas não concluí e fiz direito e concluí. Sou bacharel em direito.
Mas conseguiu exercer?
Não, rs. E também não tinha esse propósito. Acho que como muitos ter uma graduação superior nos dá outra percepção de vida. Se quer eu fiz o Exame de Ordem, mas é claro que não aconselho ninguém a fazer isso.
Você chegou alguma vez na vida a ser um militante?
Não, não.
E por que cargas d’água você foi direcionado à Política?
Na época em que fazia administração e fui morar fora, nos Estados Unidos...
Típico filhinho de papai, afff
Nãaaoo. Não fui basicamente para estudar, fui para trabalhar.
Em quê? Garçom?
Não.
¬¬
Naquele momento, com a eleição de Collor, o Brasil estava com a necessidade das pessoas irem para os EUA criando com isso várias oportunidades de exportação e importação. O meu pai lançou o desafio deu ficar um tempo por lá, para garimpar oportunidades, adquirir mais conhecimentos e eu aceitei. Fiquei durante 03 anos.
Pegou muita gringa? Namorou alguma?
Se eu namorei alguma gringa???!!!!
É, não se faz de tonto y-y
Olha, não me deram bola, não.
AFFFF, QUE MENTIRA!
Não me deram bola, é sério. Eu , eu , eu...
Não gagueja, você não é gago, Chico!!!!
Não, deixa eu te dizer, no amor eu só vim dar sorte quando casei. E os meus relacionamentos só terminavam de forma amigável. Eu sempre entrei com a bunda e as mulheres com os pés.
Kkkkkkkk
Sempre foi assim. Só dei sorte no amor quando casei com a Silvana.
Por que políticos mentem tanto? Vocês acham que somos todos trouxas, é? Fala sério.
Mas é verdade, eu não tinha sorte, não.
Já vi que não vai dizer o nome de nenhuma gringa. 03 anos num lugar sem pegar ninguém, tá bom. Eu acredito, sqn. Cara de pau de dizer que não teve ninguém!!!
Mas teve, rs.
Quantas?
Ahahahahaha, dá numa mão de 05 dedos. E eu não tenho porque mentir. Eu até pago o preço por causa da minha transparência. E eu não namorei com ninguém lá.
Mas ficou!!
É, esse é o termo hoje, ahhahaha.
Eu posso te assegurar que você não vai ficar mal na fita com a Silvana por estar me contando algo do seu passado. Vocês nem se conheciam, oras.
A presença de latinos por lá não era algo muito aceitável, tá certo que onde morei, Miami, tinha isso, mas era pouco, mesmo assim não nos toleravam.
Branco desse jeito e com esses olhos claros? *o*
Ah, mas meu inglês denunciava ; (
Kkkkkkkkkk
E olha que eu falava bem, jkjkjjkkj. Hoje até entendo mais do que falo. Mas foi nesse momento, me aprimorando em um curso de inglês que tive contato com o processo político. O Bill Clinton estava candidato a presidente da república.
Conta um pouco, achei interessante.
Na escola onde eu fazia esse curso, tinha um grupo de várias pessoas – de todos os lugares do mundo, que se viu envolvido com aquilo. Começaram a entregar panfletos, acompanhávamos debates do partido republicano, democrata. Passei a prestar bastante atenção porque o americano é muito ativo nesses assuntos. De repente me vi muito envolvido também.
Foi picado por esta motivação?
Sim, de lá eu já havia entrado em contato com meu pai e disse que quando retornasse ao Brasil eu iria pleitear uma vaga para vereador.
E quem bancou a tua campanha?
Olha, no início eu tinha algumas economias. Algumas pessoas me ajudaram, eu nunca me elegi sozinho. Muitas pessoas te ajudam, acreditam em suas verdades.
Qual foi teu primeiro partido? Você já saiu de muitos partidos?
Eu já me vi na obrigação de deixar alguns partidos pelos quais passei.
Você já traiu muitos partidos?
Depende do ponto de vista, mas pode ser também por sobrevivência. No processo eleitoral ninguém disputa eleição para perder, a gente disputa para ganhar.
Você já perdeu muitas disputas?
Se eu já perdi? Hoje, aos 44 anos de idade, eu tenho vitórias e derrotas. Todas me ajudaram a chegar aonde cheguei de forma sensata, serena e eu sigo dizendo o seguinte: “se chorei ou se perdi, o importante é que emoções eu vivi”.
Você já chorou muito?
Eu...? Me decepcionei, essa é a palavra. E faz parte do processo, pois se você não se decepciona com a política você não adquire a maturidade necessária para alçar novos voos e atingir um outro patamar.
Quem te decepcionou dentro da política?
Um que me decepcionou, uma pessoa em que acreditei e depositei meus sonhos, meus ideais, isso logo no meu primeiro mandato em 1997, e ele tinha um olhar antes parecido com o meu...
Qual o nome dele?
Eduardo Braga. Foi um político que caminhei ao lado, digo isso porque acreditei naqueles sonhos...
*o* A maioria é decepcionada com ele ; (
Pois é, se fosse só a mim que ele tivesse decepcionado!!!!!!!
Kkkkkkkkkk gzus
Não esperei uma pernada, quando vi que a decepção era algo inevitável, pois era uma questão de tempo, eu tomei a decisão de sair do mesmo partido que ele. Eduardo Braga era governador do Estado, e é aí que eu quero frisar. Minhas entradas e as minhas saídas de partidos sempre foram feitas com muita dignidade, nunca entrei pelas portas dos fundos e nunca saí também. Sempre saio e entro pela porta da frente com a cabeça erguida.
Como funciona e ssas coisas? Vocês brigam ou discordam sobre algo e daí cada um vai para um lado diferente?
Não houve briga, nenhuma. Eu apenas comuniquei que estava saindo do partido.
E quais foram tuas justificativas?
Eu estava saindo por razões pessoais e não encontrava mais o ambiente que havia encontrado quando o Gilberto era vivo.
Hummm, entendi. O Dudu pegou o partido pra ele depois que o Boto morreu?
O partido era muito mais democrático, era muito mais favorável às divergências, pois sem as divergências, Vivi, não é partido, é ditadura. Então, peraí, as pessoas não podem discordar?!!
Eduardo Braga é um ditador?
Ele não é acostumado a ouvir divergências. Ele não tem a capacidade de tolerar opiniões contrárias a dele. Na política isso é muito ruim. Porque assim é muito difícil formar grupos, e na política é importante fazer grupos. Se unir a pessoas que pensam e discordam de você para que juntas possam crescer. E quando isso não acontece você fica sozinho. Por isso saí do PMDB.
Quando foi isso?
2009. Gilberto faleceu em julho e em setembro eu estava me retirando do PMDB. Meu caminho não fazia mais sentido ali sem o Gilberto. E a partir dali fui para o partido de um cara que pensava igual a mim.
Quem?
O Omar.
Ele é o teu Gilberto Mestrinho atual?
O Omar é um amigo, o Gilberto não tem comparação.
Me refiro politicamente falando, pois foi só o Boto partir e o Dudu assumir que você migrou para outro partido. E encontrou esse refúgio com o Omar, por isso fiz a pergunta.
Fui para o PP, agradeço ao Garcia que me acolheu naquele momento. Já o Omar havia sido eleito pelo PMN, e dele eu estava me aproximando, cada vez mais dividindo e concordando com algumas opiniões, muito mais do que divergindo. De repente vem essa nova sigla, PSD, com o Omar, então fui até ele e pedi para entrar. Até porque eu acreditava nas verdades dele, mas antes disso fui ao Garcia comunicar a minha decisão.
Agindo feito homem, nada por trás.
Sempre entrando e saindo pela porta da frente.
Essa tua postura não é natural? Outros políticos não agem assim é tudo na base da surdina? *o*
Optei em nunca sair pelas portas do fundo, optei em sempre comunicar, dar a minha satisfação, pois o presidente do partido ficar sabendo de algo assim pela imprensa não é e nunca foi algo de que concordei. Garcia me recebeu muito bem e entendeu que naquele momento eu precisaria caminhar com o Omar. E assim as pessoas vão conhecendo os teus valores.
Isso é ser incorruptível?
Vivi, aquilo que acredito não está à venda, as minhas verdades também não estão.
Então posso afirmar nessa nossa entrevista que você pagaria qualquer preço para defender suas convicções?
Sim, e eu já paguei muitos preços.
Quais?
Enfrentei muitas decepções, passei por muitas alegrias também.
E é aí que entra o Jiu-Jistu para te dar essa força?
O jiu-jitsu é uma arte da qual posso dizer que sou dependente, ...
Você já foi fumante?
Nunca fui.
Já foi beberrão que nem o Marcelo Ramos?
Não, nunca bebi e nunca fumei.
Nem maconha?
Não, na minha época a única droga que experimentei foi o Lança-perfume.
Olha, a droga do Murilo Rayol, ele me contou que usava nos carnavais y-y
Justamente, nos carnavais. E eu usava sim, não posso negar isso, eu e toda
uma geração. Já com a bebida, como sou descendente de portugueses, tomamos vinho, a gente toma acompanhado do maravilhoso bacalhau e isso é altamente permitido.
Ah tá, achei que você fosse quase um santo ¬¬
Mas Vivi, o esporte sempre me deu – no meu espírito, na minha vida, no meu caráter, um equilíbrio muito forte, ...
Humm, você é um atleta político e não um político atleta como outros por aí?
O esporte criou em mim um reboco, aquilo que a gente faz na parede, que não me permitiu avançar os sinais em bebidas, drogas, fumos, porque eu tinha em mente que isso afetaria meu rendimento. O esporte me fez superar meus limites, sou muito grato, te afirmo com muita sinceridade. Ele me deu alguns valores e eu os trouxe para a política também.
Falando em valores, quantas vezes você já foi casado?
Só uma vez, e se Deus quiser e permitir, e se depender da Silvana, também, será para a vida inteira.
MEO DEOS ISSO É UM MILAGRE!!!!!!!!
Não há porque separar, eu tenho uma vida pessoal, amorosa e sexual com a minha mulher que pra mim eu considero fantástica. Nossa vida é extremamente criativa e muito bacana.
Tá, mas a tua primeira vez não foi com a Silvana, quantos anos você tinha?
É, não foi. Eu estava com 14 anos.
MEODEOS, 01 ano mais velho que o Mestre dos Magos (José Melo), mas ele nasceu no interior e contigo por que existiu essa rapidez?
Não foi uma primeira vez tradicional.
Ahhh pára tudo, tua primeira vez foi com uma puta? Olha que legal!!!!
Não foi tão tradicional porque foi com o meu pai me levando...
Kkkkkkkkkkkkk
E eu não usaria esse termo que você usou. U__U
Ai, e qual tu usarias? ¬¬
Provedoras sexuais.
Nhennhennhenm dá no mesmo.
A minha descoberta se deu assim, meu pai me levou e outros tantos pais também levaram.
Qual foi o lugar, lá no Centro? Começou agora vai ter de terminar a informação.
Nem existe mais.
Mas existiu.
Tá, eu vou te dá o bairro: Cachoeirinha. Lógico que começou no bairro, mas terminou no motel.
Gente, mas com 14 anos o menino ainda é uma criança, ainda mais pelo fato de vocês demorarem demais para amadurecer. Tem homem até hoje que precisa da mãe ao lado porque é quase um bebezão barbado, bando de pirralho, fala sério. ¬¬
Depende, acho que depende. Com 14 anos eu já ia para a loja com meu pai, já estudava, passava boa parte do meu tempo com ele. Eu não sei se vou fazer isso com meu filho, os tempos mudaram. Em algum momento vou ter de passar os valores do trabalho pra ele.
Quantos anos ele tem?
14.
KKKKKKKKKK
Ahhahaha, mas não essa questão do sexo. Os tempos mudam, mas os valores não mudam. A honestidade não muda, a fidelidade não muda, você é um homem correto ou não.
Você já foi traído pelos “amigos”?
Olha, eu só sofria essas decepções quando eu realmente considerava a pessoa como um amigo. E isso acontece até com parentes, Vivi.
Você já anda com suas próprias pernas dentro da política?
Eu tenho um caminho muito longo para percorrer. E é aí que eu te falo porque saí do partido do Omar. Ele é muito diferente do Eduardo, são pessoas completamente diferentes. Do ponto de vista humano, o Omar, eu te diria, é melhor que o Eduardo. Mas ele é político e eu também sou político. E quando você está na política você disputa eleições e quando ganha é a partir delas que você consegue realizar e concretizar algumas ações. Você viabiliza essas coisas através de projetos.
São 15 anos de carreira, já?
São mais de 15 anos. Acumulando nesse tempo muita experiência, decepções, colhendo frutos ou não e sempre primando pelas minhas convicções.
Já deu vontade de desistir de tudo?
Já.
Quando?
Em 2007 e em 2008, foram momentos bem críticos. E assim como eu, tantos outros foram tão decepcionados quanto. A decepção não é uma conta minha. Não fui eu que levei aquela decepção. E assim, todo mundo tem medo, mas o que eu aprendi com os esportes, e principalmente com o Jiu-jitsu, foi exatamente a enfrentar o meu medo.
Foi enfrentando teus medos que deixou o Omar?
Comuniquei o Omar, e por entender que partido grande a gente tem de enfrentar eleições - na minha opinião, deveria ter disputado prefeitura, governo, e há uma decisão dentro do PSD que a mim cabe respeitar, aceitar ou não. Eu não aceitei, respeitei, pois é o partido quem decide. E decidi sair pela porta da frente também, foi entendido que eu gostaria de dar um passo maior, ousar dentro da minha carreira.
Você sempre toma a benção?
Não chega a tanto. E a minha relação com o Omar foi sempre equilibrada. Ele presidente do partido e governador do Estado, eu era membro do partido e deputado. Não precisava tomar a benção dele até porque benção eu só pedi do meu pai a vida inteira.
Tá certo, ahahahha, mas do Dudu você tomava.
As pessoas até podem acreditar nisso, mas os que estão dentro da política e convivem com o Eduardo sabem que junto a ele eu era aquele que mais tinha independência. Eu o respeitava, mas talvez por ter essa independência isso tenha me custado um preço muito alto.
Por que você diz isso?
Porque dentro da política existem aqueles políticos que não gostam dos outros políticos que pensam.
Hmmmm, saquei.
Para eles os políticos que pensam são uma ameaça.
Hoje você é uma ameaça, Chico?
Não para o Amazonas, ...
Me refiro aos políticos barés.
Talvez eu possa ser para os políticos que pensam pequeno. Políticos que pensam grande e que entendem o processo, pois é um processo que se renova, eles entendem como natural e apoiam essa atitude. Eles permitem que essa transição seja feita. Eu entendi, Vivi, que ninguém vai chegar comigo e dizer assim: “Olha, toma isso aqui”. O poder enquanto ferramenta para a formação de uma realidade, ele não é dado, ele é adquirido, conquistado.
O que você almeja hoje?
Se eu tiver vivo e com saúde, se Deus me permitir, eu vou colocar meu nome ao partido para disputar o governo do Estado.
Já agora na próxima campanha?
Já, agora.
Chico, você vai ter culhão para enfrentar isso? Já analisou teus oponentes????
Aí vem o Jiu-jitsu de novo, estou acostumado a enfrentar pessoas no tatame que tem 60, 70 quilos a mais do que eu. Com pressão eu sei lidar, pessoas com 60 quilos a mais que se jogam em cima de mim, eu supero porque o jiu-jitsu me dá essa tranquilidade.
Teus adversários dentro da política têm o dobro desse peso.
Eu só tenho um meio de descobrir e eu preciso passar por isso, além do mais eu quero passar por isso. Eu quero retribuir à vida, às pessoas que me trouxeram até aqui. É necessário que eu me lance nesse momento, ganhar ou perder faz parte da vida, eu só não vou perder a minha dignidade.
Já podemos considerar a sua candidatura?
Eu dependo do meu partido, espero que ele possa confirmar.
AFFFF
Eu sou o presidente, mas não é bem assim que as coisas funcionam.
Você é o presidente e não sabe informar??? ¬¬
Claro, pois essa decisão depende também de outras pessoas.
E aí, que tu fazes para que os membros do teu partido possam entender que você já se considera preparado para uma disputa dessas?
Ah, eu mostro pra eles, defendo minhas possíveis propostas. Levo meus pensamentos sobre várias coisas que estão acontecendo, a gente vai trabalhando nessas questões, no que pode ser melhorado. O Amazonas precisa de gente ousada, temos de pensar grande. Devemos investir no nosso turismo.
Peeeeraí, tu precisas mostrar para o teu partido que não é só uma carinha bonita e que também pode fazer alguma coisa, é isso?
Sim.
E sendo um pretenso governador, que você faria?
Ok, vou te dar um exemplo. Vamos falar de Turismo. Você já teve oportunidade de viajar, eu também já conheci algumas cidades, alguns países. O turista quando chega aqui, Vivi, ele quer ver atrações. A nossa fauna é riquíssima, mas e aí, qual local ele vê a fauna do Amazonas? É lá no Wãndin na Praça 14 se você for parar para pensar. A gente não tem um aquário. Qual é o maior centro gastronômico público do Amazonas?
Qual é?
A praça do Dom Pedro.
Que triste ; (
Pois é, qual é o outro? Não tem. Eu penso que poderia ser feito dentro da Cadeia Pública Vidal Pessoa um dos maiores centros gastronômico ou cultural.
Pronto, agora vai fazer campanha dentro da minha entrevistaaaaa U_U
Dá para construir grandes parcerias públicas, privadas, pontos turísticos, pontos de atrações, ou seja, preparar Manaus, preparar o Amazonas.
Acha que tuas ideias e teus projetos podem viabilizar a tua candidatura?
Acho que uma candidatura precisa de projetos, eu ousarei apresentar projetos possíveis, viáveis para o Amazonas, precisamos ser ousados.
Tu sabes que a cobrança vai ser muito grande e o povo não é mais abestalhado como era antes, tiro por mim u_u
Vivi, eu com determinação, com foco, sem perder a ousadia, tenho a convicção que vou responder a essas expectativas. Deixa eu só concluir uma coisa, para recebermos o maior número de turistas é preciso dar esse suporte para eles. E quanto mais dias eles ficam mais eles gastam e isso movimenta o mercado local. Mas que tipo de atração é oferecido hoje? Já pensou lá no Centro um local que tenha reunido os 62 municípios, mostrando um pouquinho de cada um deles. Mostrando sua cultura, sua culinária. Isso é algo para se pensar. Não só para os turistas, mas para o nosso próprio povo, funcionando os 07 dias da semana. Sonho em um Amazonas que está para o peixe, assim como Mato Grosso está para a soja.
O que o faz pensar que suas propostas serão melhores que as dos outros candidatos?
Eu não conheço as propostas postas pelos outros candidatos. As minhas propostas são viáveis, podem ser ousadas, mas são viáveis. A determinação me leva a qualquer lugar, Vivi. E foi com essa determinação que enquanto estive presidente da Câmara que eu fui tomado a fazer o que nunca ninguém fez. Que foi o prédio da Câmara Municipal de Manaus.
Graças a Deus, então, muito obrigada.
Te lembra da Câmara no Centro e hoje a do Sto. Antonio, pois bem, foi difícil, era difícil. Mas onde tem a determinação, ousadia e compromisso, as coisas acontecem. Eu tinha 36, 37 anos e eles não diminuíram com a idade. Hoje tenho 44, a ousadia, a determinação e o compromisso continuam os mesmos.
Qual seria o recado para os teus adversários? Um desafio no tatame com você?
Eu não quero que as pessoas pensem que eu vou fazer da campanha algo pessoal, algo para matar ou para morrer...
Ah, mas a maioria faz!
Os meus adversários, verdadeiramente, são os desafios do Estado do Amazonas. Porque se eu focar, Vivi, em pessoas e ficar cego por isso, eu me diminuo, me apequeno. E a política não vai me apequenar. Tal qual um jogo de futebol, entro com a canela dura, chuto forte.
Kkkkkkkk qual é a tua altura?
1.68
Teu peso?
77
É mano, tem que comer muito feijão com arroz, viu.
Sou praticante de jiu-jitsu e como tal já estou acostumado a enfrentar adversários pesados. Com paciência, com técnica, com muita verdade - dentro da política, vim para raspar e finalizar.
Ahhahahahaha
Mas o jiu-jitsu me tornou assim :pppppp
Agora deixa um recado para o leitor do nosso Portal.
Olha, Vivi, para quem vai ler essa entrevista, eu tenho a convicção que a política – em algum momento, é comparação, não tem jeito. Não só as propostas, mas até a vida da pessoa. Essa oportunidade que o Holanda e você estão me dando, é muito legal para poder mostrar às pessoas, e você é testemunha, que eu moro em um lugar super normal.
Mentira. Tua casa é de boneca. Afffff
De boneca????? *o*
É, kkkkkkk, não se preocupa que isso é um elogio, Chico.
Mas por quê? Pelo formato?
De boneca, estilo condomínio americano. Essas coisas.
Mas você vê que não é de luxo, é uma casa padrão classe média. Os meus hábitos não são hábitos de pessoas sofisticadas, são hábitos de gente comum.
Você é humilde, neam?
Sim, uma pessoa que construiu trabalhando, acreditando. Se Deus quiser continuarei assim, Papai do Céu não vai deixar eu sair desse caminho. Pois o poder te encanta ...
Tu és muito religioso, que igreja você frequenta?
Sou batista.
Olha, primeiro político protestante que eu entrevisto na coluna *O*, tô pasma!!!
Vivi, eu tenho 17 anos de vida pública, em algum momento as pessoas vão comparar. A política me deu muito daquilo que eu tenho, mas me deu também a convicção para ter muita prudência, sabedoria, e se você quer conhecer o homem dê o poder a ele. A política não tirou meus pés do chão. Muitos já mostraram isso no decorrer de sua caminhada. Não tenho lancha, jatinho, nem helicóptero ... Não acumulei riquezas com a vida pública.
Qual dos políticos adquiriu tudo isso com a vida pública? Me contaaaaaaaa, quero nomes.
Os nomes serão dados, mas as minhas relações são as mais naturais possíveis, não me relaciono com o alto empresariado paulista, não tenho relação com milionários da indústria de cd e DVD, ..
Mas isso é pecado ser bem relacionado?
Não que isso seja pecado, mas isso demonstra claramente que a política para mim não foi um caminho para que eu me desviasse para alcançar outros objetivos. A política é algo que me alimenta e me faz vibrar porque é um instrumento admitido pelo nosso povo e população.
Você é um político do bem?
Sim, eu me considero. Sou um político que pagou um preço lá atrás. Nunca me vendi, nunca fui adesista. Estou presidindo o PMN, estou fazendo política e não a faço com o fígado.
Como assim, que expressão é essa?
Com fígado é aquele cara que só fala uma coisa: “Meu único objetivo é prejudicar o fulano”. Eu não, meu objetivo é elevar o Amazonas através da política para vários seguimentos. Educação, Saúde, Segurança, elevar tudo isso a um outro patamar com ousadia e determinação. Com humildade, pois é assim que a gente chega até o povo e compartilha nossos pensamentos e ideais.
Você é acessível ao povo?
Acredito que sim.
Porque há políticos que têm assessores que não deixam jamais o povo chegar perto, já ouvi algumas reclamações desse tipo e olha que nem sou do meio de vocês.
Inclusive já demiti assessores que tinham essa postura. Não dá, Vivi, espera aí, eu sou político. É natural que as pessoas me procurem e que estejam fazendo isso por alguma razão. Não é que eu diga não ou sim para tudo, mas tem hora que dá outras que não. É preciso ser tolerante nesse sentido e conviver com opiniões contrárias. Temos a tendência a querer que todo mundo concorde com a gente, mas a política me moldou nesse sentido e eu sou grato a isso.
Chico, você é um homem calmo ou você extrapola?
Eu sou firme. Sou decidido.
Hahahahahah curto e grosso.
Tudo aquilo que vivi e que sofri não quero para ninguém, decido quando preciso decidir e sou firme quando a necessidade me obriga. As minhas decepções dentro da política me ensinaram isso. Quero ser um líder, não quero ser um chefe.
Muito bom saber um pouco mais sobre você, Chico, e dos teus pensamentos e ideais.
Vivi, e se você me permite, gostaria de te falar de um dado que devemos mudar o quadro.
Permito sim, claro.
Em relação às drogas, é algo que precisa ser enfrentado com grande altivez. Eu estou mergulhando no setor primário, mergulhando na educação, preciso entender porque não posso chegar cru, preciso de uma visão e de propostas, se meu partido me der esta oportunidade o nosso Amazonas vai enfrentar isso pelo menos com alguma chance de vencer, creio nisso. Veja bem, de 6 a 11 anos quando a criança está migrando para a adolescência, o dado que foi me passado – pelo Instituto Novo Mundo, é que 90% dessa faixa etária, em algum momento terá contato com drogas. 80% deles vão consumir a droga e 75%...
Vai se tornar usuária, lamentável.
Sim, vão adquirir a dependência química.
No teu governo o combate às drogas vai ser uma prioridade?
Deixa eu te falar, não tem uma receita de bolo que você segue uns passos e vai ter um resultado, até porque a droga na minha família é algo que nós vivemos.
Sério, Chico? ; (
Vivemos intensamente isso, mas se Deus quiser, um dia não viveremos mais, mas nós enfrentamos isso com cabeça erguida. E eu sei o quanto a droga é capaz de destruir.
Essa vivência é com adolescente ou com adulto?
É com adulto. A responsabilidade de um governador me leva a isso, para olhar pra esse problema e chamar a sociedade para um grande pacto, pois nós vamos enfrentar.
Que bonito!
Vamos enfrentar, Vivi, mas construindo aquele reboque que te falei, no caráter e no espírito desses jovens. Eu sou ciente que não estarei ao lado do meu filho quando a droga cruzar o caminho dele, mas eu preciso ter a convicção do reboque que foi construído nele para que ele mesmo possa dizer e se dar conta de que não precisa disso. E nem vai querer isso para a vida dele.
Acho que esse é o papel de todo pai e de toda mãe. E com a ajuda do governo essa união se fortalece deixando esse jovem livre para seguir seu caminho sem adesão de droga alguma, mas é algo que precisa ser realmente trabalhado.
É justamente esse o desafio. Mas no dia que eu não acreditar mais, Vivi, a política perde um pouco de sentido pra mim. Só em acreditar que isso é possível o fio de esperança move muita coisa. E outra coisa, eu não quero me acomodar, não quero ter a política como emprego, como é que vivi antes? Como é que comi? Antes de ser político eu trabalhei, suei a camisa como hoje suo na política. Ela é um meio de enfrentar situações como essa.
AHAZOW <3
Droga é uma epidemia, ela tem um número alarmante de epidemia e polícia para traficante, sim. E para quem adquiriu a dependência, o tratamento. E para quem num futuro pode adquirir: informação. Temos de falar sobre drogas cada vez mais, toda vez que abordamos sobre drogas é como se jogássemos luz sobre fungos.
Nos fungos?
Sim, fungos não sobrevivem na luz. Ele se cria num ambiente escuro e úmido. Um ambiente do qual ninguém conversa, a gente finge que ele não existe e não dá mais para ser assim. Quero fazer um pacto contra as drogas pela família, pela vida. Se Deus me der essa oportunidade, em ser o governador, um dia, Manaus, o Amazonas e o povo vão ver um jovem obstinado e determinado a trabalhar nesse enfrentamento.
Isso seria algo que te moveria?
Além da Educação, da Saúde e de outros fatores, mas esse seria algo pessoal, é algo que me move com obstinação.
Até por que é algo que você convive, não é?
Vivi, eu vi o quanto isso afetou a minha família. E eu sei o quanto é difícil, ainda te digo mais, a minha família tem uma condição para enfrentar isso. Mas e as famílias que não tem? Só construir clínicas não vai dar, pois o dinheiro não chega. Temos de trabalhar antes, criar uma metodologia. O PROERD é um negócio muito legal, vamos abrí-lo nas escolas. Elas não podem ser mais um templo ocioso. É muito fim de semana ocioso, vamos movimentar essas escolas nos fins de semana. Agitação cultural, com esportes para serem praticados. Mas tudo isso é o que eu penso, são projetos ousados para dentro de um Estado que não nasceu para ter vocação de coitadinho.
Viu, o teu recado foi dado. Deixe um pouco o político de lado e agora traga o Chico de novo.
Olha, é uma coisa que não dá para separar.
Não separa?
O que eu acredito faz parte da minha convicção de ser humano. Eu levo para a política que é um outro ambiente, mas não existe o Chico da política e o Chico de dentro de casa. Ou o Chico do tatame é um, o Chico do paletó é outro.
Você é assim 24 horas.
Sim, o Chico é o mesmo. Eu tenho defeitos, não tenha dúvidas, sou chato algumas vezes, sou turrão. Mas nunca me disseram que eu já tenha sido injusto.
E nem mentiroso?
Acho que quando eu era pequeno.
Criança pode mentir até os 07 aninhos, depois não.
Eu mentia só para não apanhar do papai ou da mamãe.
Kkkkkkkkk
Hahahaa eu sempre prefiro optar, Vivi. Ainda que eu pague um preço, procuro ir para o caminho do qual não precise nunca esconder alguma coisa, entendeu. Minha vida é baseada nas minhas escolhas, pago um preço por elas, mas faço por minhas convicções.
Bom, agora para encerrarmos nossa entrevista, deixa um recado pra mim, Chico. E mais uma vez obrigada, adorei o quimono cor de rosa, eu curti demais ser desafiada no tatame por você.
Vou deixar uma mensagem, de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. A minha alma não se apequenou, essa oportunidade de ser entrevistado foi algo de grande valia, não só porque eu gosto de ti, mas porque você, com esse teu estilo informal, nos dá a oportunidade de mostrarmos um pouco do que somos e como pensamos. Eu te agradeço, um abraço no Mô e outro no Holanda.
Hahahaa, pode deixar, eu darei.
Valeu, Chico.
Beijão Silvana em você e nas crianças <3
Boa semana, gente linda. Deus os abençoe.
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