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Mulheres são 93,1% no serviço doméstico e só 3,6% na construção, aponta Censo

Por Folha de São Paulo

09/10/2025 17h45 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As mulheres representam o maior percentual dos servidores domésticos no país, 93%, e apenas 3,6% no setor de construção, em que recebem mais, mostram dados do Censo Demográfico divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No final de julho de 2022, eram 3,7 milhões de trabalhadores de serviços domésticos no país, o equivalente a 4,2% da população ocupada com mais de 14 anos. Desse total, 3,5 milhões eram mulheres.

Apesar de dominarem o setor em termos numéricos, elas ganhavam em média R$ 1.047, cerca de R$ 180 a menos do que os homens no setor. A diferença foi a menor registrada por atividade de trabalho pelo instituto.

A renda média desses trabalhadores também foi a mais reduzida captada à época do estudo, R$ 1.059. Os valores não foram corrigidos pela inflação.

*

Mulheres são maioria nos serviços domésticos

Em %

93 - Serviços domésticos

77 - Saúde e serviços sociais

75 - Educação

67 - Outras atividades

61 - Alojamento e alimentação

53 - Org. internacionais

52 - Ativ. financeiras

50 - Ativ. científicas e técnicas

47 - Ativ. mal especificadas

44 - Ativ. administrativas

_Fonte: IBGE - Censo Demográfico_

No outro extremo, a menor presença de mulheres aparece na construção. A terceira atividade que mais empregava no país era também aquela em que a diferença salarial mais favorecia as mulheres.

Enquanto o trabalhador médio ganhava em média R$ 2.119, a renda feminina era de R$ 3.326. Em 2022, a construção tinha 6,9 milhões de trabalhadores -7,8% da população ocupada-, e apenas 253 mil eram mulheres.

Além da construção, em apenas outras duas atividades de trabalho pesquisadas pelo IBGE as mulheres ganhavam mais do que os homens, mas a presença delas também era reduzida.

Uma delas era a atividade das indústrias extrativas, com 14% de mulheres, que tinham renda média de R$ 5.161 contra R$ 4.489 dos homens. A outra, o segmento de transporte, armazenagem e correio, com 9,3% de mulheres, que recebiam R$ 2.597, cerca de dez reais a mais que os homens.

A disparidade salarial mais acentuada em favor dos homens, por outro lado, aparece nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, segunda com maior rendimento médio no país (R$ 6.118).

As mulheres representam 52% dos 1,139 milhão de profissionais do setor. Enquanto o salário médio dos homens chegava a R$ 7.763, o das mulheres era de R$ 4.596.

Na sequência, como a segunda atividade com diferença maior para os salários masculinos, aparecem as atividades de saúde e serviços sociais, a segunda com maior concentração de mulheres.

Dos 5,4 milhões de profissionais, 77% eram mulheres. Enquanto a média salarial dos homens era de R$ 6.627, a das mulheres era de R$ 3.512.

No comércio, setor que empregava então 17% dos trabalhadores do país -mais de 15 milhões de pessoas-, a diferença entre gêneros era menor, de 13 pontos percentuais, com as mulheres representando 43,5% da mão de obra. Elas, porém, também ganhavam menos, em média R$ 2.056. A média masculina era de R$ 2.774.

O instituto não publicou dados comparáveis do recenseamento anterior, de 2010. De acordo com o órgão, o Censo 2022 teve mudanças metodológicas. A comparação entre as duas pesquisas exigiria o que o IBGE chamou de "compatibilização" dos conceitos, ainda não disponível para todos os recortes.

Em 2010, a definição de pessoas ocupadas incluiu aquelas que produziam bens destinados exclusivamente à alimentação no domicílio, e a análise do mercado de trabalho foi realizada para a população de dez anos ou mais.

O Censo 2022 também captou informações sobre o consumo próprio, mas não as incorporou na análise de trabalho. Além disso, a contagem mais recente se concentrou nas pessoas ocupadas de 14 anos ou mais. As mudanças, segundo o IBGE, seguiram recomendações internacionais.

*

MULHERES RECEBEM MENOS EM OITO DE CADA DEZ OCUPAÇÕES

**Renda média em R$**

Seção de atividade do trabalho principal - Homens - Mulheres - Diferença

Ativ. financeiras - 7.764 - 4.596 - 3.167

Saúde e serviços sociais - 6.627 - 3.512 - 3.115

Ativ. científicas e técnicas - 6.517 - 4.394 - 2.123

Ativ. imobiliárias - 5.259 - 3.866 - 1.392

Adm. pública, defesa e seguridade social - 5.404 - 4.257 - 1.147

Educação - 4.274 - 3.146 - 1.128

Ativ. mal especificadas - 3.837 - 2.721 - 1.116

Informação e comunicação - 5.360 - 4.247 - 1.113

Indústrias de transformação - 2.842 - 1.994 - 847

Org. internacionais - 9.508 - 8.716 - 792

Comércio e reparação de veículos - 2.774 - 2.056 - 719

Alojamento e alimentação - 2.363 - 1.669 - 694

Outras atividades de serviços - 2.362 - 1.694 - 668

Artes, cultura, esporte e recreação - 3.364 - 2.710 - 654

Água e gestão de resíduos - 2.009 - 1.547 - 463

Agricultura, pecuária e pesca - 1.915 - 1.545 - 370

Ativ. administrativas - 2.017 - 1.653 - 364

Eletricidade e gás - 4.439 - 4.137 - 303

Serviços domésticos - 1.226 - 1.047 - 179

Transporte, armazenagem e correio - 2.597 - 2.606 - -10

Indústrias extrativas - 4.489 - 5.161 - -672

Construção - 2.074 - 3.327 - -1.253

_Em valores de 2022_

_Fonte: IBGE - Censo Demográfico_


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