4 Dez (Reuters) - A Rússia bloqueou o acesso ao aplicativo de videochamadas FaceTime, da Apple, como parte de uma repressão acelerada a plataformas tecnológicas estrangeiras que, segundo autoridades locais, estariam sendo usadas para atividades criminosas.

A medida surge na sequência de restrições impostas ao YouTube do Google, ao WhatsApp da Meta e ao serviço de mensagens Telegram.

Críticos afirmam que as restrições equivalem à censura e a um aperto do controle estatal sobre as comunicações privadas. A Rússia alega que se tratam de medidas legítimas de aplicação da lei. As autoridades russas lançaram este ano um aplicativo rival, apoiado pelo Estado, chamado MAX que, segundo críticos, poderia ser usado para vigilância — alegações que a mídia estatal desmentiu como falsas.

Justificando sua decisão, a Roskomnadzor, agência reguladora de comunicações, afirmou em comunicado enviado por email: "De acordo com as autoridades policiais, o FaceTime está sendo usado para organizar e realizar ataques terroristas no país, recrutar perpetradores e cometer fraudes e outros crimes contra cidadãos russos."

O órgão regulador não apresentou provas que apoiassem as alegações.

Representantes da Apple não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre o bloqueio do FaceTime, um aplicativo que permite aos usuários fazer chamadas de vídeo e áudio gratuitas via Wi-Fi ou dados móveis.

Moradores de Moscou que tentaram usar o FaceTime na quinta-feira relataram ter visto uma mensagem na tela dizendo "Usuário indisponível". Uma moradora disse que uma amiga com quem ela tentou entrar em contato viu a chamada recebida, mas não conseguiu se conectar.

Nos últimos meses, a Roskomnadzor intensificou as medidas para bloquear o acesso a plataformas de mídia e tecnologia ocidentais que hospedam conteúdo que viola as leis russas.

Em agosto, a Rússia começou a limitar algumas chamadas no WhatsApp e no Telegram, acusando-os de se recusarem a compartilhar informações com a polícia em casos de fraude e terrorismo. Na semana passada, a Roskomnadzor ameaçou bloquear o WhatsApp completamente.

Na quarta-feira, a Roskomnadzor bloqueou o acesso à plataforma de jogos infantis norte-americana Roblox , acusando-a de distribuir material extremista e "propaganda LGBT".

A Roblox afirmou que respeita as leis dos países onde opera e está profundamente comprometida em garantir a segurança de seus usuários.