Filho de Cafu testemunhou pai ser assassinado por fazendeiro; diz delegado

Manaus/AM- Francisco do Nascimento de Melo, de 48 anos, conhecido como “Cafu”, o agricultor morto por um fazendeiro no município de Boca do Acre na última terça-feira (14), foi assassinado na frente do filho de 14 anos.
Em coletiva realizada na manhã de hoje (20), em Manaus, o delegado Gustavo Kalil, responsável pelo caso, revelou detalhes do crime.
“O homicídio ocorreu por volta das 10h da manhã e chegou ao conhecimento da polícia pelo próprio WhatsApp. Foi em uma região longínqua da cidade, leva aproximadamente uma hora para chegar lá (...) Quando chegamos o Cafu já tinha ido a óbito, o autor se evadiu e tivemos informações de que ele fugiu com a ajuda do próprio filho e teria fugido para o estado do Acre”.
O fazendeiro, que não teve o nome revelado, se escondeu na capital Rio Branco e conseguiu driblar até mesmo os agentes da Polícia Federal que foram acionados para ajudar nas buscas.
Enquanto uma equipe de campo trabalhava na tentativa de captura, o delegado ouviu testemunhas cruciais na elucidação do crime, incluindo o filho de Cafu, um garoto de apenas 14 anos, que assistiu ao homicídio.
“O filho da vítima, de 14 anos, presenciou tudo e estava muito chocado. Ele foi ouvido dois dias depois e ele era peça fundamental no caso porque ele foi o único vivo que restou, ele e o fazendeiro que se evadiu”, destaca.
Diante do depoimento da testemunha ocular, o delegado pediu a prisão preventiva do suspeito e um mandado de busca e apreensão na casa dele para encontrar a arma do crime, mas a mesma havia desaparecido.
No último sábado (18), após as buscas serem intensificadas, o advogado do acusado decidiu negociar a entrega do cliente e pediu para que o procedimento fosse feito em Rio Branco temendo represálias de populares já que o crime gerou revolta entre os moradores de Boca do Acre, no Amazonas.
“Ele estava com muito medo de apresentar ele em Boca do Acre porque a vítima, o Cafu, era muito querido. Fomos a Rio Branco, cumprimos a prisão lá e ele se encontra detido lá”.
Sobre a motivação do crime, o delegado Gustavo explicou que Cafu e o fazendeiro já tinham rixas antigas e que isso culminou com o desfecho trágico.
“Foi por questões de posse de terra. O fazendeiro alegava que ele furtava gados dela na região e nesse dia ele saiu para caçar, viu o fazendeiro, parou ou foi abordado, ainda estamos delineando os detalhes, e começaram a discutir. Nesse momento houve uma discussão, o filho fala que teve uma briga, e foram efetuados três disparos. Dois disparos atingiram a vítima, uma na virilha e outro na perna, inclusive o médico atestou que foi o disparo da perna que o matou, ele ficou sangrando até morrer”.
Após a morte de Cafu, várias outras denúncias contra o fazendeiro chegaram à polícia e estão sendo apuradas. Segundo Kalil, o suspeito é um “fazendeiro poderoso” que costumava amedrontar moradores da região, porém, ninguém o havia denunciado formalmente até então.
As investigações seguem em curso e a família de Cafu aguarda justiça. O homem deixou três filhos e a esposa grávida.

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