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‘Venezuela está à beira da explosão social’, diz líder opositor

Por Agência O Globo

26/10/2016 2h54 — em
Mundo



CARACAS - O número 2 do partido opositor Vontade Popular, Carlos Vecchio afirma que a Venezuela sofreu um golpe de estado com a suspensão do processo de um referendo revocatório contra o mandato do presidente Nicolás Maduro. Ele acredita que a medida judicial aprofunda a crise e agrava a violência.

Foi dado um golpe de Estado, pois roubaram dos venezuelanos o direito ao voto e à escolha de seu futuro. Maduro tem de se refugiar nesses atos para seguir no poder. A Constituição permite revogar um presidente. Se nos tiram esse direito, é uma ditadura. Maduro tomou a pior decisão no pior cenário para aprofundar a crise. O ataque ao Parlamento deixa muito claro de qual lado está a violência: de quem não tem razão. Estamos na pior crise de nossa História republicana.

É um cenário imprevisível. Pode escapar das nossas mãos. Por isso, insistimos em uma via eleitoral. Estamos à beira de uma explosão social. Os venezuelanos viam o revocatório como uma válvula de escape, pacífica e democrática. O governo não entendeu assim, por medo de perder o poder, porque já não tem respaldo popular. Isso não só afeta a Venezuela, como toda a região. Em pleno século XXI, uma ditadura se instalou na América.

Quando (o governo) usa as instituições para suspender os processos eleitorais e fechar tecnicamente o Parlamento, é uma forma de violência. Tínhamos eleições para governadores, e elas foram suspensas, sem data fixada. Reprimir a população por pensar diferente é violência. Eles buscam o confronto e querem que reajamos de forma violenta. Respondemos com serenidade. Provocam-nos, e não caímos em seu jogo. A violência está do lado deles. Perseguem-nos por nossa palavra. Mas aqueles que atuaram com violência estão livres, inclusive o prefeito de Libertador, a figura mais próxima de Maduro, Jorge Rodríguez.

Sim. Há um grupo importante de dissidência dentro do chavismo, que clamava pelo revocatório. São grupos do setor militar, civis, ex-ministros de Chávez, uma expressão do chavismo que é o partido Maré Socialista.

Sem dúvida. Nunca teve respaldo majoritário no país. Cada vez se isola mais. Não tem liderança porque o puseram aí, nunca a construiu. É muito fraco. Não é capaz de resolver a crise, nem unir o país, nem suas próprias forças. Fechar a Assembleia é demonstrar fraqueza. Só pode manter-se no poder com a repressão. Há um processo político irreversível de mudança na Venezuela. Não o podem parar. O grande inimigo não é Maduro, é a desesperança.


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