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Exército do Afeganistão ordena evacuação de cidade atacada pelo Taleban

Por Folha de São Paulo

03/08/2021 11h06 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército do Afeganistão pediu que os 200 mil moradores de Lashkar Gah, capital da província de Helmand (sudoeste do país), deixem suas casas.

A cidade está sob ataque de forças do grupo fundamentalista Taleban, em combates que deixaram ao menos 40 mortos e 118 feridos da segunda (2) para a terça (3), segundo estimativa das Nações Unidas.

Em mensagem para os moradores da cidade, o general Sami Sadat disse que "não deixará nenhum taleban vivo", "mas se você ficar deslocado de sua casa por alguns dias, por favor nos perdoe".

Ao serviço afegão da britânica BBC, Sadat afirmou que seus militares perderam espaço para as do Taleban desde a ofensiva do fim de semana, mas que ele duvida da capacidade dos insurgentes de manter sua posição por muito tempo.

O Taleban, que presidiu um regime brutal de 1996 a 2001, quando foi desalojado do poder pela invasão liderada pelos Estados Unidos por ter abrigado a rede Al Qaeda, que promoveu os ataques do 11/9, está avançando desde que os americanos começaram a bater em retirada.

A decisão do presidente Joe Biden ocorreu em abril, e o plano é evacuar todas as tropas até 31 de agosto. Os outros países que apoiam a missão americana, a maioria da Otan (aliança militar ocidental) fizeram o mesmo.

No maior ataque coordenado em anos, os talebans passaram do controle de vilarejos e pontos de fronteira para o assalto a cidades. Estão sob fogo Kandahar (sul), Herat (oeste) e Lashkar Gah.

Ponto estratégico desde sua fundação no século 9º, como seu nome em persa indica ("quartel de exército"), a capital desta província de 1,5 milhão de habitantes é central para o controle dos extensos campos de papoulas, que fornecem ópio para a produção de heroína.

Cerca de 40% da matéria-prima mundial para a droga sai da região, o que garante fonte de financiamento importante para quem os controlar. Militarmente, é um corredor entre o Irã e Kandahar, antigo coração do movimento taleban.

Durante os 20 anos da guerra dos EUA, havia duas enormes bases ocidentais lá, uma americana (Camp Leatherneck) e outra britânica (Camp Bastion), que apoiaram alguns dos mais sangrentos embates com os insurgentes. Ambos os locais foram repassados ao Afeganistão em 2014.

Durante seu governo purista islâmico, o Taleban proibiu a produção, mas o pragmatismo após ser chutado do poder afrouxou sua posição e hoje boa parte dos campos gera divisas para o grupo.

O ataque taleban fez com que o governo central em Cabul culpasse diretamente os americanos pela "saída repentina", como disse na segunda o presidente Ashraf Ghani.

Pelo acordo de paz entre EUA e Taleban, firmado por Donald Trump e ratificado por Biden, os talebans sentariam à mesa com Ghani para dividir poder. Isso já os restringiu antes: em novembro, eles haviam tomado o leste de Lashkar Gah, mas recuaram quando os EUA pararam de fazer ataques aéreos na área.

Só que o grupo alega que os americanos romperam o acordo ao não deixar o país em maio, como havia sido acertado inicialmente. Sob essa desculpa, avançam em diversas frentes.

Ghani afirma que seu governo terá condições de resistir, amparado no amplo reequipamento das Forças Armadas sob orientação e ajuda americana, e que em seis meses a situação estará estabilizada. Falta combinar com o Taleban agora.


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