Manaus/AM  - Com sintomas da Covid-19 e grávida de 8 meses, Lisiane Granjeiro da Silva, 28, perdeu o bebê após dar entrada na maternidade Ana Braga, no dia 7 deste mês. Conforme parentes da paciente, o bebê teria morrido por negligência médica da unidade de saúde.

De acordo com a cunhada da paciente, Andreina Silveira, 20, a jovem estava com um quadro de infecção urinária e teria recebido o primeiro atendimento no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do Galiléia, sendo encaminhada posteriormente para a maternidade.

“Logo que ela chegou na maternidade a enfermeira disse que ela precisava de um exame de urina e uma ultrassonografia, mas nada foi feito.  Como ela está com covid-19, a Lisiane foi transferida para uma ala de pessoas com a doença e desde então nenhum médico atendeu ela”, denunciou.

Andreina disse, que no dia seguinte (8), Lisiane continuou piorando o quadro de infecção e a família decidiu pedir ajuda da assistência social da maternidade. “A gente foi pedir ajuda, porque desde o outro dia ela não fazia exames, nem recebia atendimento de ninguém. Na assistência social fomos informados que nenhum médico pediatra iria atender minha cunhada, porque eles tinham medo de entrar na ala de pessoas com Covid-19. As assistentes disseram que só os técnicos de enfermagem entravam lá. Mas a minha cunhada precisava de ajuda e ninguém fez nada”, contou.

No dia 9, pela manhã, a Lisiane contou a seus familiares que não sentia mais o bebê mexer em sua barriga. Preocupados, os parentes se mobilizarem e conseguiram, então, atendimento, mas já era tarde, pois o bebê acabou morrendo. Na tarde desta segunda-feira (11), Lisiane passou pelo procedimento de expulsão do feto, porém sua família está revoltada com a negligência da maternidade.

“Ninguém ajudou ela, nenhum médico. A gente pediu muito, mas devido ela estar com covid-19, precisou ficar isolada em uma sala aonde médicos não iam até o paciente”, lamentou.

Por meio de nota a  Secretaria de Saúde disse que a paciente chegou à unidade no dia 7, sendo transferida da Maternidade Azilda Marreiro após apresentar sintomas gripais.

"A paciente estava em tratamento para infecção urinária e Covid-19, sendo acompanhada pela equipe médica da unidade. No entanto, devido ao quadro clínico grave da paciente, ocorreu o óbito fetal e foi indicada a indução do parto, conforme o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde (MS). A direção ressalta que a equipe médica continua dando assistência à paciente que finalizou o procedimento de indução do parto nesta segunda-feira (11) às 12h35", diz a nota.

A secretaria disse ainda que a Maternidade Ana Braga é referência em parto de alto risco (casos graves) e portas abertas para o atendimento de risco habitual, acolhendo todas as pacientes que procuram a unidade. A ordem do atendimento segue critérios como gravidade do caso e urgência.