Greve atinge plataformas da Petrobras no pré-sal; P-40 para após vazamento de gás em Campos
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO, 18 Dez (Reuters) - A greve dos petroleiros da Petrobras registrou adesão em todas as plataformas próprias da companhia nas bacias de Santos e Campos, que congregam quase toda a produção de petróleo do Brasil, informaram sindicatos nesta quinta-feira.
Em meio ao movimento grevista, a unidade P-40, em Campos, precisou ser paralisada após registrar um vazamento de gás nesta quinta-feira, afirmou o Sindipetro NF, que destacou que a plataforma estava sendo operada por equipes de contingência antes de parar.
A Petrobras, que operou por mais de 90% da produção de petróleo e gás do Brasil em outubro, tem afirmado que vem atuando com suas equipes de contingência, desde segunda-feira, quando começou a greve, para evitar impactos do movimento na produção e no refino de petróleo. A empresa não comentou sobre o vazamento na P-40.
O secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa, citou que as unidades da Bacia de Santos P-66, P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71 estão entre as que aderiram à greve no principal polo produtor do pré-sal, além das plataformas próprias que operam em Búzios, o maior campo produtor do Brasil.
Costa disse à Reuters que a FNP, que tem quatro sindicatos filiados, está avaliando se há eventuais impactos na produção em Santos. Ele também explicou que as plataformas afretadas que atuam no pré-sal operam com mão de obra terceirizada, por isso não participam da greve.
Já na Bacia de Campos, todas as 28 plataformas próprias da Petrobras aderiram à greve, segundo informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa 13 sindicatos, nesta quinta-feira.
A P-40, que registrou o vazamento de gás no campo de Marlim Sul, era operada por equipe de contingência da Petrobras, disse em nota o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF).
"A plataforma permanece parada, com todos os trabalhadores em local seguro, aguardando a dispersão do gás. Até o momento, não há informações de vítimas", disse o Sindipetro-NF, na nota.
Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente sobre o vazamento da P-40.
"A forte e crescente adesão à greve demonstra a disposição da categoria em lutar pela retomada dos direitos, pela valorização dos trabalhadores e por uma Petrobras forte, pública e a serviço do povo brasileiro", disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
A FUP destacou ainda que, com a entrada da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Terminal de Suape na quarta-feira, ambos em Pernambuco, todas as nove refinarias das bases da FUP no país seguem no movimento.
Na terça-feira, houve adesão da refinaria no Ceará (Lubnor) e o corte de rendição na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul
Desde segunda-feira o movimento já atingia as refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR).
Há ainda adesão em diversas outras unidades na base da FUP, como em quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, além de campos de produção terrestre, unidades de tratamento e compressão de gás, dentre outros pontos.
O movimento, segundo a FUP, é motivado pela ausência de avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e por uma falta de respostas da Petrobras a reivindicações históricas da categoria, como o fim dos equacionamentos dos déficits da Petros (PEDs) e a recomposição de direitos.
O coordenador-geral do Sindipetro-NF e diretor da FUP, Sérgio Borges, afirmou que a categoria está pronta para uma greve longa: "Esta greve é por tempo indeterminado e os trabalhadores estão mostrando disposição de pelo menos passar Natal e Ano Novo em greve".
(Por Marta NogueiraEdição de Roberto Samora)
ASSUNTOS: Geral