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Correios captam R$12 bi em plano de reestruturação; prevê demissões e fechamento de unidades

Por Reuters

29/12/2025 16h00 — em
Geral



29 Dez (Reuters) - O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou nesta segunda-feira um plano de reestruturação para a estatal deficitária, incluindo a captação de R$12 bilhões, além de demissões, fechamento de unidades de atendimento e venda de imóveis, entre outras medidas.    

De acordo com a estatal, um diagnóstico identificou déficit estrutural superior a R$4 bilhões anuais, patrimônio líquido negativo de R$10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$6,057 bilhões até setembro de 2025, além da queda acentuada nos indicadores de qualidade e liquidez.

"A correção de rota precisa ser feita de forma rápida", afirmou Rondon, que assumiu o cargo em setembro deste ano prometendo "restaurar o orgulho e a eficiência dos Correios" e sob a expectativa também de modernizar a entidade. 

Ele explicou que a primeira fase no plano é a recuperação do caixa da companhia, e, nesse sentido, afirmou que na última sexta-feira foi fechada uma captação de R$12 bilhões com pool de bancos para o capital de giro, considerada decisiva para melhorar a liquidez e viabilizar ações estruturantes do plano.    

De acordo com Rondon, desse total, R$10 bilhões serão desembolsados ainda em 2025 e R$2 bilhões estão previstos para janeiro de 2026. Ele citou que Banco do Brasil, Caixa e Bradesco entraram com R$3 bilhões cada e Santander e Itaú, com R$1,5 bilhão cada. 

"Isso vai permitir a adimplência nos contratos com fornecedores, benefícios de empregados e tributos, recuperar a qualidade da operação..., que tem potencial de fazer a receita voltar a crescer, e, finalmente, a confiança de clientes e fornecedores", afirmou a jornalistas nesta segunda-feira. 

Ele afirmou que permanece necessidade de captação de R$8 bilhões, dado que o plano de reestruturação foi concebido com uma necessidade declarada de captação de recursos da ordem de R$20 bilhões, mas que as rodadas com bancos envolvendo esse montante tinham taxas que a empresa considerou elevadas. 

Questionado sobre um eventual aporte de recursos públicos via Tesouro Nacional nos Correios no próximo ano, ele afirmou que ainda não há definição. 

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse a jornalistas em uma entrevista separada que a atuação do órgão em relação à captação dos Correios teve impacto relevante na operação e deve resultar em uma economia de cerca de R$5 bilhões no pagamento de juros.

Segundo ele, o Tesouro acompanhará a necessidade de futuras operações desse porte.

"Na operação, há uma previsão de, até 2027, ter algum aporte ou uma operação complementar para dar suporte para o que estão planejando. Então, a gente vai acompanhar de perto", afirmou.

PDV E VENDA DE ATIVOS

Uma segunda fase no plano de reorganização da entidade, prevista para começar em março, trata da otimização do quadro de pessoal e gestão de benefícios e contempla um programa de demissão voluntária (PDV) de 10 mil funcionários em 2026 e 5 mil funcionários em 2027. A economia anual estimada para essa fase do programa soma R$2,1 bilhões, com impacto pleno em 2028. 

Também estão previstas revisões de cargos de média e alta remuneração e nos planos de saúde e de previdência. 

De acordo com Rondon, a despesa com pessoal representa cerca de 62% das despesas totais. E se considerar precatórios trabalhistas, esse percentual sobe a 70%/72%. 

Outra frente que será abordada, segundo o executivo, são parcerias com o mercado. 

Ele afirmou que os Correios já vinham anunciando uma série de parcerias, que são 11 no total, com algumas já maduras, com proposta de continuidade, outras ainda estão em revisão. "A expectativa é implementar essas parcerias, as mais relevantes, em 2026 para gerar impacto de R$1,7 bilhão em receita em 2027."

A gestão de ativos, incluindo alienação de imóveis, é outro caminho a ser seguido pela estatal. 

Rondon afirmou que, em uma expectativa conservadora, uma geração de receita da ordem de R$1,5 bilhão pode vir em 2026 da venda de imóveis ociosos e operações de "sale and leaseback", quando se vende o imóvel mas a empresa permanece no mesmo com acordo de aluguel feito na hora da venda.

O plano também prevê o redesenho da rede de operações, com otimização da malha logística e fechamento de unidades dos Correios que são deficitárias ou que têm sombreamento do ponto de atendimento, sombreamento em uma distância curta, que se espera um impacto de R$2,1 bilhões.

"Mas sempre sem afetar o cumprimento das regras da universalização que temos de cumprir como empresa", afirmou. 

MÉDIO E LONGO PRAZOS

O presidente dos Correios também citou uma terceira fase no plano de reestruturação, olhando para o crescimento da companhia para um futuro mais de médio e longo prazos. 

Ele afirmou que está em contratação uma consultoria externa para avaliar sob que arranjos consegue trabalhar, incluindo o arranjo societário. A ideia, acrescentou, é que a consultoria entregue um diagnóstico e um arranjo que a companhia possa fazer parcerias mais abrangentes envolvendo tanto as unidades de execução como as unidades de negócio de ciclos.

Dentro das unidades de execução, estão as unidades comerciais e operacionais -- centros de tratamento logísticos e as agências dos Correios.

"É uma visão de médio e longo prazo que demora um pouco para ser criada de uma forma responsável e também com tecnicidade para que se possa dar um novo passo para a companhia", afirmou Rondon.

"A exemplo também do que outras companhias no mundo fizeram, tem empresas de economia mista, tem vários tipos de arranjos com setor financeiro, de seguridade, e é algo que pretendemos fazer aqui também."

Na frente de crescimento, os Correios também preveem investimentos de R$4,4 bilhões entre 2027 e 2030, com financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB/Brics), destinados à automação de centros de tratamento, renovação e descarbonização da frota, modernização da infraestrutura de TI e redesenho da malha logística.

A expectativa é gerar mais de R$8 bilhões em receitas adicionais até 2029 e retomar resultados positivos de forma sustentável a partir de 2027.

(Por Paula Arend Laier, em São Paulo; edição de Pedro Fonseca)


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