Ex-BBB e influencers receberam do governo para divulgar atendimento precoce
Personalidades famosas na internet como a ex-BBB Flávia Viana, o ex-A Fazenda João Zoli, e outros influencers como Jéssika Taynara e Pam Puertas, teriam recebido dinheiro do governo de Jair Bolsonaro para fazer posts incentivando a busca por “atendimento precoce” contra a Covid-19.
Segundo a Agência Pública, os influenciadores teriam recebido 23 mil reais do Ministério da Saúde, em janeiro de 2021. No roteiro de publicidade divulgado pela Agência Pública, a Secretaria de Comunicação orientou que os influencers postassem no feed e ainda 6 Stories aconselhando os seguidores para, caso sentirem sintomas da Covid-19, "importante que você procurar imediatamente um médico e solicitar um atendimento precoce".
A publicação afirma, ainda, que mais de R$ 1,3 milhão dos cofres públicos foram usados para bancar ações de marketing com influencers sobre o coronavírus, sendo cerca de R$ 98,5 mil para cachês de celebridades contratadas para a campanha.
A ex-BBB Flávia Viana confirmou que fez a publicidade para o governo, mas afirmou que não acredita em “tratamento precoce” e que apenas alertou sobre os cuidados. Além disso, ela alfinetou o Ministério da Saúde que não pagou até hoje o valor combinado.
"Quando minha equipe foi procurada para fazer a publicidade, aceitamos, pois era para alertar as pessoas dos cuidados, lavar as mãos, máscaras, álcool em gel, ficarem atentas aos sintomas. Meu intuito foi de cuidado mesmo, sabe? Apenas para informar. E sobre o dinheiro, apesar de já fazer meses, ainda não recebi. Assim que for recebido, o dinheiro será doado para ajudar as pessoas afetadas pelo Covid-19", disse ela à revista Quem.
"Minha intenção sempre foi ajudar, jamais faria algo para prejudicar as pessoas, já que são essas pessoas que me dão visibilidade e trabalho. Se hoje eu consigo realizar tantas coisas é porque tenho o carinho de tanta gente e jamais me envolveria em política. Nunca fiz isso e não é o caso. Não acredito em tratamento precoce, o post não é sobre isso. Sei que não existe e é perigosíssimo, visto o caos que está nosso país. Eu oro muito para que tenhamos logo vacina para todos e que os governantes tenham mais respeito pela população que está à mercê dessa pandemia. Oro para que a vida volte aos poucos ao 'normal' se é que é possível já que tantas vidas foram levadas por essa terrível doença", continuou.
João Zoli, ex-A Fazenda, também confirmou a publicação para o Ministério da Saúde, mas negou que tenha recebido 23 mil reais (apesar de que o valor foi indicado pela reportagem como o total pago aos influenciadores).
"Depois pergunta para eles qual conta caiu 23 mil reais... Na minha não foi não! Fiz um post para o Ministério da Saúde, sim. Alertando as pessoas de ficaram em casa", disse ele.
Em nenhuma das publicações foi citado o uso de tratamento precoce como ivermectina e cloroquina, que não possuem qualquer comprovação científica de eficácia contra o vírus.
O site do Ministério da Saúde incentiva o “tratamento precoce” contra a Covid-19, sem comprovação científica. "O tratamento precoce comprovadamente aumenta as chances de recuperação e diminui a ocorrência de casos mais graves e, consequentemente, o número de internações. A nova diretriz busca adequar o atendimento às melhores evidências médicas e evitar as mortes relacionadas à doença", diz o Ministério da Saúde, sem apresentar base científica para a informação.
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