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Globo estipulou em contrato que nenhum clube ganharia mais que o Fla

Por Folha de São Paulo

07/02/2020 19h45 — em
Esportes



SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em contrato pelos direitos de TV do Campeonato Brasileiro de 2019 a 2024, a Globo prometeu ao Flamengo que nenhum outro clube ganharia mais luvas (dinheiro adicional na assinatura) que o rubro-negro carioca. É o que mostram documentos aos quais a reportagem teve acesso.

No acordo, fechado no dia 4 de abril de 2016, a Globo estipulou que "garante que o valor das luvas devidas ao clube não será inferior ao valor das luvas devidas aos demais clubes que disputarem o campeonato com os quais venham a celebrar contrato".

Assim, o Flamengo conseguiu R$ 120 milhões em luvas: R$ 70 milhões no prazo de cinco dias úteis após a assinatura do instrumento, mais R$ 30 milhões, com a correção monetária, em 2019, e outros R$ 20 milhões a serem pagos em janeiro de 2021.

O contrato também garante um valor mínimo de R$ 120 milhões por ano --totalizando R$ 720 milhões--, mais a correção monetária dos períodos, pelos pacotes de pay-per-view em nome da equipe.

Do valor obtido com as vendas dos pacotes, 38% são repassados para os times. A divisão dessa fatia é feita a partir de uma pesquisa com clientes que assinaram o serviço. Quem tem mais torcedores assinantes recebe mais.

Com o acréscimo das luvas e os valores mínimos exigidos por rateio, o clube tem garantido cerca de R$ 1 bilhão caso permaneça na Série A até 2024.

O contrato da Globo estipula um valor de referência de R$ 1,1 bilhão por ano, a ser dividido pelos 20 clubes da seguinte forma: 40% de forma igualitária, 30% por premiação de performance e 30% de participação por exposição e aparições da equipe transmitidas na TV aberta ou fechada.

Só com a participação igualitária, permanecendo na elite, o Flamengo tem R$ 132 milhões garantidos --o valor será ainda maior com a correção monetária.

O prêmio por performance garante no mínimo R$ 67,3 milhões ao clube, pois o 16º colocado --posição com menor bônus na tabela, por ser a última que garante a permanência na Série A-- recebe R$ 11,22 milhões por temporada.

Com o título do ano passado, o contrato rendeu aos cofres rubro-negros, só pelo critério de desempenho, R$ 33 milhões.

Recentemente, o Flamengo entrou em disputa com a Globo por divergências no entendimento do modelo de contrato.

No processo, que está em segredo de Justiça, o Flamengo diz que discorda do cálculo da "participação por exposição". Para a agremiação, a emissora reduziu as suas aparições nas TVs aberta e fechada e vem priorizando a exibição de jogos do time no sistema pay-per-view, que não remunera de acordo com o número de exibições.

Na petição inicial da ação, os representantes rubro-negros dizem que a emissora tenta enriquecer indevidamente às custas do clube.

O Flamengo foi procurado, mas não quis comentar. A Globo afirmou que não comenta valores referentes à relação contratual com os clubes, sujeitos a confidencialidade.

A emissora também ressaltou que há mais de 30 anos a relação da empresa com as agremiações está pautada em uma agenda comum que visa à valorização e o desenvolvimento do futebol brasileiro. 

"Essa postura não tem sido diferente com o Flamengo, com quem tem um contrato para o Brasileiro nos mesmos moldes do celebrado com os outros clubes e que vem sendo cumprido regularmente, com transparência", disse a Globo, em nota.

A emissora apontou também que não se manifesta sobre questões em análise na Justiça, mas considera que são normais eventuais divergências sobre interpretações contratuais e confia que vai chegar a uma solução consensual com o Flamengo.

Recentemente, as partes viveram conflito também na transmissão dos jogos do campeonato estadual. Entre os 12 times da competição, o time rubro-negro foi o único que não chegou a nenhum acordo com a Globo durante as negociações dos direitos para TV aberta e fechada, além do pay-per-view.

Como a Lei Pelé estabelece que partidas só podem ser exibidas com a autorização das duas partes envolvidas, o Flamengo não poderá transmitir seus próprios confrontos nem assinar com outra emissora ou plataforma de streaming.

O clube quer receber um valor mais alto em relação aos seus rivais, o que a emissora rejeita.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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