Por que os políticos mentem?
O leitor não encontrará evidentemente no presente artigo, a resposta para o título do mesmo, mas se alguns políticos o lerem, poderemos ter uma mudança de hábito. O desencontro entre a ética e a política, pode ser observado na facilidade com que a mentira impera na vida pública.
Para o cidadão que busca o decoro e a compostura dos comportamentos dos seus representantes, dizer a verdade é um imperativo. A presença de práticas e comportamentos transgressores dos valores e normas no comportamento dos políticos, colabora para o desaparecimento do respeito à lei e às regras da sociedade.
Só para citar um exemplo, independente do programa de campanha, a prática republicana, não existe entre o político que exerce cargo no executivo e seu secretário de fazenda, ou seu gestor financeiro, o gestor financeiro sabe das falcatruas, sabe como colocar no custeio as emendas por pix, sabe quanto é desviado do erário.
Por que os políticos mentem? O argumento de que o governante teria o direito de mentir se fosse para benefício da comunidade, contrapõe-se ao direito à informação verdadeira por parte dos governantes. Quando se debate, em ano de eleição, as verdadeiras intenções, o objetivo é revelar ao eleitor a verdade daquele que pleiteia um cargo público, ou já o exerce.
Para Platão, a mentira na política depende das circunstâncias para ser considerada válida. Ela pode ser útil quando a usamos contra os inimigos, sem caluniar, ou falamos deles em benefício de nossa comunidade. Nos demais casos não. Na política, só a verdade é nobre e merecedora de aplauso.
Precisamos urgentemente educarmo-nos para proteger a verdade na política. Não é evidente que a ilusão e a mentira dominem totalmente o espaço do poder. Os políticos precisam compreender que a sociedade valoriza a verdade.
Ela é a base da confiança, alicerce da vida em comum. Os políticos precisam inverter os termos da relação verdade/mentira na política, desaprender a concepção na qual a mentira é um mal menor. Os políticos precisam aprender que a mentira é um ingrediente ruim para a vida pública, embora alguns cidadãos, gostem do lado cosmético que alguns políticos fazem nas cidades.
Estamos no limite da política quando os políticos a tomam como prática comum da vida pública. Eles esquecem que em todo o mundo, líderes políticos tiveram sua imagem destruída quando se tornou pública a verdade.
No mundo marcado pela espetacularização, é um erro pensar que a mentira não virá à tona. Na vida pública, a vontade pessoal não pode ser maior que a decisão da sociedade, e a mentira maior que a verdade.
Na “rés” pública, a mentira é associada à corrupção. A sociedade tem o voto como instrumento de defesa contra políticos que mentem e que não dão valor a sua palavra “verdadeiro remédio contra a mentira” na vida pública, ensina aos políticos serem verdadeiros e a basearem suas ações pela busca da verdade, único caminho para a construção de uma sociedade democrática.
Como dizia Frei Beto “pobre política dos discursos desajuizados, proferidos na veemência despida de ética, ecoando rancores”. Acrescento, e das aleivosias moldadas pela conveniência, disfarçadas de firmeza, enquanto os pés chafurdam no lado das negociatas.
Pobre política da veneração desmesurada ao poder do desfibramento ideológico, da despolitização dos eleitores, da indigência de estratégias imunes ao calendário do próximo pleito. Pobre política da prepotência de quem ignora que cargos não alongam estaturas, nem a moral, e enche o peito de virtuais medalhas concedidas, pela própria vaidade de quem se julga acima da média.
Estamos em ano de eleições municipais, cumpre ao eleitor verificar as mentiras deslavadas ditas pelos postulantes aos cargos do executivo e do legislativo.
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