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Vazamento de medida para ampliar isenção do IR causou leitura equivocada, diz Haddad

Por Folha de São Paulo

29/11/2024 20h15 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (29) que o vazamento da medida que prevê a ampliação da faixa isenta do Imposto de Renda para ganhos de até R$ 5.000 no pacote fiscal antes do pronunciamento feito em rede nacional na última quarta (27) levou a uma leitura equivocada do que estava sendo proposto.

"Quando você vaza uma informação de governo sem que a divulgação seja feita com a pompa e circunstância em respeito ao cidadão, você vai ter problemas de leitura. Aí não adianta se queixar do mercado", disse em entrevista à Record News.

"O que me contrariou -se quiser chamar isso de derrota, pode chamar- é o fato de não ter sido explicado da maneira correta", completou.

Ele voltou a sinalizar a possibilidade de novos cortes no futuro. Segundo o ministro, se for preciso, o governo terá de rever medidas, para que a trajetória entre a despesa e a receita siga as regras do arcabouço fiscal.

"Se nós identificarmos riscos para essa trajetória, vamos ter que voltar para a mesa e verificar quais ajustes terão que ser feitos."

Mais cedo nesta sexta, em almoço promovido pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Haddad disse que conjunto de medidas não é o "gran finale". Segundo ele, daqui a três meses o governo pode estar discutindo o pacote de corte se for necessário.

Ainda na entrevista à Record News, o ministro disse estar mais tranquilo com Gabriel Galípolo compondo a diretoria do Banco Central. De acordo com Haddad, a decisão de intervir no dólar é sempre técnica. Essa decisão não é boa de ser tomada fora do 'in' [de dentro do BC]."

Galípolo, que é diretor de Política Monetária do BC, afirmou nesta sexta que conversou com Roberto Campos Neto sobre uma eventual intervenção no câmbio, mas reforçou que a autoridade monetária só irá intervir se notar alguma disfuncionalidade no mercado.

Com expectativas frustradas, o mercado reagiu negativamente ao pacote anunciado por Haddad. Nesta sexta, pela primeira vez na história, o dólar fechou em R$ 6, renovando o recorde histórico de valor nominal pelo terceiro dia consecutivo. A moeda chegou a atingir a cotação de R$ 6,115 na máxima do dia, até virar para queda no início da tarde em reação aos acenos de responsabilidade fiscal dos líderes do Congresso.

Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente, se pronunciaram em apoio às medidas de corte de gastos e austeridade fiscal, mas criticaram possíveis mudanças na arrecadação com impostos.

Nesta sexta-feira (29), os parlamentares disseram que a proposta da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 não deve avançar em um futuro próximo pelo Congresso.

Na noite da última quarta-feira (27), o ministro Fernando Haddad fez um pronunciamento, por meio do qual anunciou medidas como revisão da regra de concessão do abono salarial, regulamentação dos supersalários, aperto nas regras de acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), mudanças em regras para Previdência de militares e permissão de bloqueio das emendas parlamentares para cumprir o arcabouço fiscal. Leia a íntegra do pronunciamento.

Além do pacote, Haddad também anunciou a ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000. Para compensar a medida, o governo também vai propor uma alíquota mínima de até 10% no IR (Imposto de Renda) para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.


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