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Mudar remuneração pode aumentar a eficiência da saúde pública e privada

Por Agência O Globo

15/08/2017 21h08 — em
Economia



RIO - Revisar a estrutura de remuneração de profissionais e serviços e informatizar os dados da saúde pública e privada estão na linha de frente dos esforços para melhorar o desempenho do setor, dizem os especialistas.

— É preciso discutir o modelo remuneratório. Somos remunerados pela ocorrência da doença, e não para cuidar da saúde das pessoas. O hospital virou o centro do sistema, mas é o ponto mais oneroso — pondera Claudio Lottenberg, do presidente da UnitedHealth Group Brasil, dona da Amil.

Investimentos robustos em saúde, continua ele, não significam melhores resultados:

— A Europa gasta entre 10% e 12% do PIB no sistema de saúde, enquanto os Estados Unidos, 20%. E os indicadores de qualidade de vida no continente europeu são melhores que os americanos.

A incorporação de tecnologia é apontada como um dos principais componentes de custo do setor.

— A inserção de novas tecnologias tem um peso grande no custo. Um dos principais desafios da saúde privada no Brasil é a inflação médica, que alcançou 19,4% em setembro de 2016, contra 8,5% de inflação geral no mesmo período — pontua Luiz Augusto Carneiro, do IESS, ressaltando o envelhecimento da população como outro peso importante nos gastos do setor.

A mudança do modelo de remuneração de profissionais e estabelecimentos de saúde, afirma Carneiro, seria importante para reduzir os custos. O modelo atual é o de fee for service, ou de pagamento por serviço, que estimularia o desperdício de recursos. Para ele, o ideal seria adotar o pagamento por diagnóstico, como em outros países:

— O ônus das fraudes e dos desperdícios na saúde suplementar foi de R$ 22,5 bilhões em 2015, o equivalente a 19% das despesas assistenciais de R$ 120 bilhões. Em 2016, esse número será ainda maior.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, reconhece que a doença move o faturamento do sistema:

— Hoje, nosso sistema funciona por demanda. Se ninguém ficar doente, todo mundo quebra. São forçados pedidos de exames, consultas, órteses e próteses, que encarecem o sistema para gerar faturamento para a estrutura conforme está concebida. Se sairmos desta armadilha de pagar por procedimento, o sistema custará mais barato e a promoção de saúde será o carro-chefe.

Lígia Bahia, da UFRJ, se mostra cética quanto à mudança no modelo de remuneração, já que os planos, hoje, são donos de laboratórios e hospitais:

— Os hospitais dos planos têm contas abertas. E o modelo por procedimento rende mais.O problema é como se organizou o setor privado no país, que, além de tudo, tem muito subsídio público.

O governo está montando o prontuário eletrônico, que será usado por todos os brasileiros, atendidos pelas redes pública e privada. A ideia é mapear os dados da assistência à saúde e, dessa forma, melhorar o planejamento e a eficiência do modelo. Já os profissionais passam a ter ponto eletrônico para ampliar a produtividade e a qualidade do atendimento.

— Vamos parar de fingir que pagamos os médicos, e eles, de fingir que trabalham. O serviço tem de ser confiável para o cidadão — diz o ministro, que estima que a informatização do sistema de saúde resultará em economia anual de R$ 20 bilhões.


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