STF reabre investigação sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (16) a reabertura das investigações sobre a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no comando e nas operações da Polícia Federal (PF) durante seu mandato. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), protocolado na véspera. O caso, que havia sido arquivado a pedido do ex-procurador-geral Augusto Aras, volta à tona após o relator, Ministro Moraes, questionar em maio de 2024 a posição do atual chefe do órgão, Paulo Gonet, sobre a manutenção do arquivamento.
O inquérito original foi instaurado no STF após o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (União-PR), acusar publicamente o ex-presidente Bolsonaro de tentar intervir de forma indevida na Polícia Federal. Embora a PF tenha concluído anteriormente que não havia indícios de crimes, e o caso tenha sido arquivado, a PGR sob a gestão de Paulo Gonet mudou seu entendimento. A nova posição do órgão ministerial sustenta que é necessário "verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações" citadas por Moro.
O cerne da reabertura reside na necessidade de a PF avaliar se os fatos apontados por Sergio Moro possuem conexão com outras investigações em curso. O documento da PGR sugere a averiguação de ligações com a "investigação de organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas". O objetivo é verificar se a suposta interferência na PF se utilizou de estruturas do Estado, como a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), para a obtenção clandestina de "dados sensíveis" e a propagação de fake news.
Com a reabertura do inquérito, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu um prazo de 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República formalize seu parecer e detalhe as diligências que considera necessárias para a nova fase da investigação. A medida sinaliza um aprofundamento na apuração de ações que, segundo a PGR, poderiam ter comprometido a autonomia da Polícia Federal e se articulado com esquemas mais amplos de ataques a instituições democráticas e à ordem pública durante a gestão do ex-presidente.
Veja também
ASSUNTOS: Brasil