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Em live, Bolsonaro não fala de escândalo na Caixa e ataca Lula

Por Folha de São Paulo

30/06/2022 20h05 — em
Brasil


Imagem: Reprodução/Facebook

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Em sua tradicional live das quintas-feiras, o presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou assuntos controversos que surgiram na última semana em seu governo, como a saída de Pedro Guimarães da presidência da Caixa Econômica após denúncias de assédio sexual e acusações de que Bolsonaro interferiu em investigações sobre o MEC (Ministério da Educação).

Em vez disso, o chefe do Executivo conduziu uma transmissão ao vivo mais curta do que o habitual nesta quinta-feira (30): essa durou cerca de 30 minutos, enquanto, geralmente, os vídeos ao vivo dele têm aproximadamente uma hora. Nesse tempo, Bolsonaro atacou o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o chefe do Executivo, Lula é contra "abaixar o preço da gasolina", porque o petista teria criticado a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sugerida por Bolsonaro para zerar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis e ressarcir diretamente os estados, em uma tentativa de reduzir o preço da gasolina, etanol, diesel e gás de cozinha.

A crise no preço dos combustíveis é um ponto de pressão no governo do presidente, tanto pela rejeição popular que tem causado quanto pelas tensões internas que têm intensificado. O momento também ocorre em ano eleitoral, no qual ele irá pleitear a reeleição.

O chefe do Executivo atribui a culpa da elevação, principalmente, à Petrobras e aos governadores estaduais. Governadores, no entanto, culpam Bolsonaro pelo aumento dos preços. Eles lembram que, no fim de 2021, congelaram o ICMS, e os preços dos combustíveis continuaram subindo mesmo assim.

Ainda na live, Bolsonaro voltou a criticar a CPI da Covid, encerrada no ano passado, e insinuou que o partido de Lula realizou negociações de bastidores com senadores da CPI para compor o dinheiro que será usado na campanha eleitoral do ex-presidente.

"O PT nem chegou ao poder e já está fazendo as maracutaias aqui. E não vai chegar tão cedo ao poder com toda a certeza", afirmou.

ARMAMENTO

Bolsonaro também celebrou a maior facilidade para liberação de armas por resultado do seu governo e afirmou que mais de mil lojas de armamento foram abertas desde que ele assumiu a presidência do país.

O presidente disse que, "com a reeleição aí", pretende elevar o número de CACs, sigla para Caçadores, Atiradores Esportivos e Colecionadores de armas de fogo, em 1 milhão no Brasil. Levantamentos apontam que os registros de CACs agora são dez vezes maiores do que cinco anos atrás.

 

ASSUNTOS EVITADOS

A live de Bolsonaro na semana passada contou com o presença do então presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Na terça-feira (28), o site Metrópoles publicou uma reportagem com relatos de cinco mulheres que acusam Guimarães de assédio sexual —todas trabalharam ou já trabalharam no banco estatal.

Os casos incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal. O TCU (Tribunal de Contas da União) também pediu a órgãos de controle a abertura de investigação.

Guimarães foi indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas durante o governo de Bolsonaro foi se afastando de Guedes e se aproximando do presidente, sendo várias vezes o convidado da live semanal de Bolsonaro —inclusive, na semana passada.

Bolsonaro também evitou falar sobre a crise no Ministério da Educação que envolve Milton Ribeiro e as investigações sobre o assunto. Essa semana, senadores da oposição protocolaram o requerimento de criação da CPI para investigar a pasta.

O argumento para isso ganhou força após as suspeitas de interferência de Bolsonaro nas investigações contra Ribeiro. Em uma ligação interceptada pela PF (Polícia Federal), o ex-ministro disse à sua filha ter sido alertado por Bolsonaro sobre um "pressentimento" de uma possível operação de busca e apreensão contra ele. Ontem, a ministra do STF, Cármen Lúcia, enviou à PGR (Procuradoria-Geral da República) o quarto pedido de investigação contra Bolsonaro por suposta interferência na operação da PF.


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