CPI do INSS: Lupi diz que só percebeu dimensão das fraudes após investigação da PF
O ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, nesta segunda-feira (8), onde se defendeu das acusações de omissão no escândalo de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. O atual presidente do PDT afirmou que o governo já monitorava possíveis irregularidades desde 2023, mas que a real dimensão das fraudes só foi compreendida após a atuação da Polícia Federal.
Lupi se tornou um dos principais alvos da CPI por ter sido ministro no período em que os descontos associativos se proliferaram. Em sua fala, o ex-ministro alegou que a falta de poder de adivinhação impediu que ele e sua equipe percebessem a dimensão do volume dos crimes no INSS.
"Nunca tivemos capacidade de dimensionar o tamanho ou o volume do que esses criminosos fizeram no INSS. Foi só depois da investigação para valer, da PF", declarou, ao ser questionado sobre quando tomou conhecimento da totalidade do esquema.
Lupi foi confrontado com alertas recebidos ainda em junho de 2023, como o feito pela conselheira Tonia Galletti durante uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Ele reconheceu que o tema foi mencionado no encontro, mas negou ter agido com omissão. Segundo o ex-ministro, mesmo não sendo a pauta oficial, o governo tomou medidas. No entanto, a defesa não detalhou quais ações foram tomadas na época, o que pode levantar questionamentos sobre a eficácia e a prontidão das respostas governamentais.
O ex-ministro também foi questionado sobre a norma editada pelo INSS em 2024, que visava estabelecer critérios para os descontos associativos. Ele admitiu que a medida não alcançou o efeito desejado. Lupi reconheceu que as medidas de combate à fraude não foram suficientes e que o governo falhou em ter uma ação mais "enérgica".
Em outro momento do depoimento, Lupi reiterou que as denúncias recebidas foram encaminhadas para apuração. Ele, no entanto, colocou a responsabilidade da ineficácia das medidas na autarquia. "O erro nosso foi ter acreditado que as medidas fossem eficazes na autarquia (INSS) e infelizmente, não foram", pontuou o ex-ministro. A declaração sugere que, apesar de o ministério ter tentado agir, a falha estaria na implementação das ações pelo próprio INSS.
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