Brasil registrou mais de 47 mil denúncias de violência contra idoso entre janeiro e março
Todos os dias, pessoas com mais de 60 anos sofrem algum tipo de violência por sua idade, seja ela física, psicológica, patrimonial ou mesmo negligência. O Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania recebeu mais de 47 mil denúncias de violência cometida contra pessoas idosas só entre janeiro e março de 2023.
Em 2006, a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o 15 de junho como o Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data tem o objetivo de criar uma consciência mundial, social e política da existência desse tipo de violência, além de incentivar e cobrar medidas protetoras por parte dos governos e da sociedade civil.
De acordo com Antonio Leitão, Gerente Institucional do Instituto de Longevidade: “As denúncias que chegam é apenas a ponta do iceberg que esconde a violência contra a pessoa idosa no nosso país”, além disso, em relação à faixa etária, os dois perfis que predominam são de pessoas com idade entre 60 e 79 anos, com 33.972 denúncias, e com idade superior a 80 anos, com 16.146 denúncias. Quanto à escolaridade da vítima, 67% apresentam pouca instrução, 35% possuem o nível fundamental incompleto e 32% são analfabetos, comenta.
Tipos de violência contra a pessoa idosa
Violência física: é o uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou morte.
Violência psicológica: corresponde a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou isolar-se do convívio social.
Violência sexual: refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hétero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
Abandono: é uma de violência contra o idoso que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção e assistência.
Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. É uma das formas de violência mais presentes no país. Ela se manifesta frequentemente associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.
Violência financeira ou econômica: consiste na exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não consentido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e patrimoniais.
Autonegligência: diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma.
Violência medicamentosa: é a administração por familiares, cuidadores e profissionais dos medicamentos prescritos, de forma indevida, aumentando, diminuindo ou excluindo os medicamentos.
Violência emocional e social: refere-se a agressão verbal crônica, incluindo palavras depreciativas que possam desrespeitar a identidade, a dignidade e a autoestima. Caracteriza-se pela falta de respeito à intimidade, falta de respeito aos desejos, negação do acesso a amizades, desatenção a necessidades sociais e de saúde.
Como denunciar?
As denúncias de violência contra a pessoa idosa podem ser feitas pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos). O atendimento é realizado diariamente, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana. Denúncias também podem ser feitas pelo aplicativo Proteja Brasil, para a Delegacia Online da Polícia Civil do seu estado e ligando para a Emergência Policial (190).
Baixe a cartilha “Como evitar e combater a violência contra a pessoa idosa
A cartilha, criada pelo Instituto de Longevidade, conta com mais detalhes sobre os tipos de violências que pessoas idosas podem sofrer. Além disso, com o suporte de diversos especialistas, é possível saber como agir em casos de abusos e também como identificar os sinais em idosos que sofrem violência.
ASSUNTOS: Brasil