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Wilson Lima X Terceira onda da Covid 19 no Estado do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

06/04/2021 19h09 — em
Bastidores da Política


  • Ao dizer à CNN que não adota medidas de isolamento social duras porque quebraria alguns setores, citando como exemplo os vendedores de picolé, que segundo ele "trabalham para conseguir o jantar”, o governador do Amazonas recorre a um discurso populista, enganoso e manipulador.

Depois da primeira e segunda ondas de Covid 19, com  350 mil infectados e mais de 12 mil mortes, algumas por asfixia na rede hospitalar, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anuncia uma provável 3a onda para maio. E diz que o Estado vai estar preparado. Como um menino que constrói castelos de areia em uma praia com  risco de sofrer um tsunami, Wilson estoca insumos, encomenda oxigênio, cria alguns leitos de UTI e pronto. A isso ele chama de “plano de  contingência”, ou o planejamento que pode fazer como  alternativa a novo eventual ataque do coronavírus.   

Para um governador que sabe ou pelo menos parece ter a noção do que pode acontecer em maio, é muito frágil o sistema de defesa que ele está montando para defender a sociedade. Frágil, do ponto de vista do tratamento que a doença exige; politicamente incorreto e suicida, para não dizer outra coisa. 

É verdade que, do ponto de vista médico, há pouco a fazer. Mas uma nova onda de Covid 19, com suas novas variantes, poderia ser menos agressiva se o governador tivesse a coragem de adotar medidas de isolamento social sem as fissuras dos últimos decretos, por onde escaparam atividades com peso politico no governo.

Mas a narrativa do governador é outra, demagógica, falsa. Ao dizer a uma rede de televisão, como a CNN, que não adota medidas de isolamento social duras porque quebraria alguns setores, citando como exemplo os vendedores de picolé, que segundo ele "trabalham para conseguir o jantar”, recorre a um discurso populista, enganoso e manipulador das camadas mais pobres.

Mas não foi o governo de Wilson Lima que criou programas de auxilio emergencial exatamente para atender  a esse público mais carente ? A Prefeitura de Manaus também seguiu no mesmo caminho, aliás correto. Então, qual o propósito do auxílio emergencial na pandemia?

Wilson precisa sair desse mundo paralelo no qual vive e acordar para uma realidade cruel. Ou será politicamente enterrado após uma eventual terceira onda da pandemia e carregará sobre seus ombros  mais dezenas  de milhares de mortes.

ALÔ GOVERNADOR !!!

Uma observação final, como contribuição a um governo pouco ou nada responsável no enfrentamento da Covid 19.

Se esse tsunami vier, como anuncia o governador Wilson Lima, serão inevitáveis as mortes, mesmo com a rede hospitalar funcionando. Números  mostram  que mais de um terço das pessoas que receberam tratamento e foram entubadas, morreram. Menos pela agressividade do vírus. Mais pela forma como um processo delicado e  invasivo das vias aéreas foi feito. Então, o governador poderia incluir algumas vigas para sustentar seu castelo de areia: o treinamento  em massa de profissionais para executar esse processo. Em uma situação de calamidade e caos, pode salvar vidas.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.