Wilson Lima recua e risco de mortes por Covid 19 em Manaus aumenta
- A chamada “flexibilização” das medidas adotadas pelo governo do Amazonas para deter a pandemia de Covid 19 soa agora como mero eufemismo para justificar um perigoso recuo do governador Wilson Lima. Caso a pandemia volte a acelerar, com novas cepas sendo detectadas por cientistas na região, serão debitados na conta do governador mais um equívoco e mais um fracasso, além da responsabilidade por outras milhares de mortes e um caos de proporções imprevisíveis na já debilitada rede hospitalar.
O governador Wilson Lima cedeu a pressão do setor de serviços e “flexibilizou"o isolamento social aplicado durante a quinzena - com o fechamento do comércio não essencial - e que resultou numa redução dos casos de Covid 19 no Amazonas. Se a medida deu certo, a lógica era que continuasse.
Alegações de prejuízos e desemprego são sempre relevantes em uma economia já debilitada, mas o Amazonas vive uma situação excepcional, com 10 mil mortes, 60 por dia em razão da pandemia. Milhares de pessoas recorrendo a rede hospitalar, falta de oxigênio, denúncias ainda não comprovadas de mortes assistidas - a chamada eutanásia.
O custo da pandemia é muito alto, impacta na vida das pessoas, destrói famílias, faz diariamente dezenas de órfãos e viúvas. Há um custo emocional por parte das famílias e há um custo financeiro da sociedade e do governo. Somado tudo isso, o prejuízo alegado pelo setor comercial e industrial tem pouca relevância.
A chamada “flexibilização”das medidas adotadas pelo governo do Amazonas para deter a pandemia soa agora como mero eufemismo para justificar mais um recuo.
Caso a pandemia volte a acelerar, com mais mortes e corrida por leitos de UTI, ninguém vai lembrar que as entidades do setor comercial pressionaram. Vão lembrar que Wilson Lima sucumbiu mais uma vez a tentação de privilegiar grupos que afinal têm poder para dizer como ele deve e pode agir.
Serão debitados na sua conta pessoal mais um fracasso. E mais que isso, a responsabilidade por outras centenas de mortes e um caos de proporções imprevisíveis na já debilitada rede hospitalar.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.