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Vereador de Manaus que gravou video soltando pum deve ser punido?


Por Raimundo de Holanda

24/04/2021 18h58 — em
Bastidores da Política


  • Acusar Alemão de quebra de decoro parlamentar, como defendem alguns, é uma forçação de barra. Brincar e soltar gases não representa nenhum ilícito. Afinal, muitos dançam e peidam às escondidas nas repartições públicas. Ah, se aquela poltrona no Palácio do governo na Compensa falasse!…

A postagem de um vídeo no qual o vereador  William Robert Lauschner (o Alemão), dança e solta flatulência dentro de seu gabinete, na Câmara Municipal de Manaus, viralizou nas redes sociais  e provocou reações de grupos, que, aparentemente, não tem essa faculdade de soltar gases. O normal de uma pessoa  é liberar um litro de gases  por dia, algo como 14 flatulências em horários não programados.

O “crime” cometido pelo vereador não é maior nem mais significante que os impropérios gravados pelo presidente Bolsonaro de dentro de seu Gabinete, no Palácio do Planalto. O que Bolsonaro diz se espalha pelo país como  puns com odores insuportáveis, que afetam a economia, a vida, o pulmão  das pessoas. E, quando misturados a cloroquina, têm o poder de matar.

Portanto, dar ao fato a condição de que o vereador teria se utilizado de um bem público, seu gabinete, como lugar da “dança” é insignificante e até desprezível se traçarmos um paralelo com o comportamento do presidente, que também deve peidar.
Ademais, a comunicação mudou tanto nos últimos anos, com as pessoas sendo protagonistas de idéias e elas mesmas atingindo públicos variados, sem a necessidade de buscar apoio da imprensa tradicional, (que tornou-se mera replicadora do que sai nas redes sociais), que não se sabe a estratégia que Alemão utilizou para se eleger. Talvez dançando e peidando, conquistando assim um tipo de eleitor que gosta e aprova esse comportamento.  Uma repetição, às avessas, do palhaço Tiririca.

Para quem se destinava o vídeo que o vereador gravou em seu gabinete?  Para esse eleitor, que tem o direito de ser respeitado nas suas opções e gostos. Se gosta de pum, então Alemão nada mais fez do que mandar uma mensagem para esse eleitor: Estou aqui, represento você e continuo peidando. 

Diferentemente de Bolsonaro, que usou a promessa das armas para todos, da intervenção militar e outras  boboseiras,  Alemão fez uso do peido, mas há semelhanças. Só que Alemão é inocente e fala para um público inocente. 

Acusar Alemão  de quebra de decoro parlamentar, como defendem alguns,  é uma forçação de barra.

Brincar e soltar gases não representa nenhum ilícito administrativo. Afinal, muitos dançam e peidam às escondidas nas repartições publicas. Ah, se aquela poltrona no Palácio do governo na Compensa falasse…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.