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A verdade sobre o hospital de campanha e os anti-heróis da Covid


Por Raimundo de Holanda

25/10/2020 23h19 — em
Bastidores da Política



A covid continua matando, mas virou estrela da campanha eleitoral em Manaus.  Enquanto os óbitos crescem  - foram 13 registrados nas últimas 24 horas - um candidato se apropria de um hospital de campanha onde houve forte investimento público. É fácil fazer  filantropia utilizando recursos da sociedade. Transformar um bem público, submetido a um regime jurídico de direito público, em privado, se deixou de ser crime, seja para a justiça comum,  seja para a justiça eleitoral, é um grave desvio moral  e ético. Ainda que formalizada a parceria público - privada, como se imagina pode ter acontecido, ainda assim utilizar na campanha um bem compartilhando com recursos da sociedade é una infração gravíssima, ao menos do ponto de vista da legislação eleitoral. 

Quanto a  questão do uso eleitoral do hospital privado, da família do candidato, há distorção também grave na sua utilização como peça fundamental no combate à covid. Não tem esse mérito  um plano de saúde, que - é o que representa o grupo -  cobrava  R$ 50 mil de caução para internar um paciente. 

Quem fez o dever da casa, apesar de toda trapalhada do governo estadual, foram  os hospitais  públicos, as brigadas de médicos e enfermeiros  Estes sim, salvaram vidas. O resto é demagogia, surfar na dor e na miséria das famílias que perderam seus ente-queridos porque não tinham como pagar a internação para uso de cápsulas que em tese substituiriam com eficiência, os respiradores.

Ademais, a pandemia está aí na sua segunda onda. E onde está o hospital de campanha, desativado pelo grupo do candidato a  pretexto de que o vírus  tinha sido derrotado?Deixar de reconhecer também a parceria com a prefeitura de Manaus é outra distorção. O investimento do município no hospital de campanha foi de R$ 14 milhões, em pagamento de pessoal técnico - médicos, enfermeiros, máquinas e equipamentos. Os dados estão na tabela acima e desmontam a tese do homem que fazia milagres sozinho.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.