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Vacinação de policiais no Amazonas é um vexame para o governo


Por Raimundo de Holanda

28/03/2021 19h07 — em
Bastidores da Política



O Estado do Amazonas destinou aos policiais neste domingo uma parcela da reserva técnica de vacinas, que na prática existe para outro fim que não aquele definido pelo governador Wilson Lima e avalizado por uma juíza federal: ser transferida aos municípios mediante a comprovação de eventuais perdas. A decisão judicial, entretanto, foi restrita a apenas 5 mil doses, quando o quantitativo para o qual o pedido fora formulado era de 14 mil, considerando o contingente de policiais militares, civis e bombeiros.

Não deixou de ser um vexame e uma derrota política para um projeto de poder continuado do governador. E uma frustração para uma categoria que acreditou na promessa, até a noite de sexta-feira, quando a decisão foi publicada, de que seria contemplada no seu todo.

Dos 14 mil policiais que receberiam a vacina, segundo havia anunciado o governador do Amazonas, Wilson Lima, durante a semana, 9 mil vão esperar a vez chegar, sem "furar a fila".

Há um equivoco na decisão da magistrada quanto ao uso das 5 mil doses. Segundo ela, na decisão exarada, não deveriam ser utilizadas doses destinadas as pessoas com comorbidades, cuja vacinação  estava marcada para este domingo. 

Na verdade a reserva técnica é outra coisa, uma sobra que supriria eventual necessidade de repor vacinas perdidas. Mas seu uso para contemplar a força policial pode acabar prejudicando repasses, necessários ou   eventuais em caso de perdas ou extravios.

Sem considerar que os policiais que receberam a primeira dose, terão, necessariamente, que receber a segunda, o que pode comprometer a reserva técnica e desqualificar a sua finalidade.

Uma coisa que ainda precisa ser esclarecida é se essa reserva técnica - 5% de cada remessa que o Estado do Amazonas recebe e que fica sob sua guarda - não é alvo de ingerência politica, se pode ou está sendo utilizada a bel-prazer do governador de plantão ?

Durante o inicio da campanha de imunização em Manaus o foco ficou em cima da prefeitura e aventou-se eventuais desvios de vacinas.

No Estado, qual o quantitativo da reserva técnica?  Não seria urgente e necessária uma auditoria dos órgãos de controle para averiguar a lisura daqueles que são responsáveis por sua guarda e distribuição?

O que se espera a partir de agora é menos judicialização  da vacina, mais fiscalização, menos politização e respeito ao Plano Nacional de Imunização.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.