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A quadrilha que pode implodir o governo do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

11/07/2021 19h41 — em
Bastidores da Política



O governo do Amazonas está prestes a implodir. A prisão do secretário de Inteligência, Samir Freire, expôs uma ferida cancerígena. O secretário comandava uma quadrilha que roubava ouro, extorquia contrabandistas e há suspeitas de que tinha envolvimento com organizações que comandam o tráfico de drogas. Se não acobertava as ações do Comando Vermelho,  fechava os olhos a matança, à humilhação a que os traficantes submeteram Manaus no inicio do ano e a carnificina ocorrida em suposto combate entre policiais e o grupo Família do Norte.

Samir Freire e investigadores da Polícia Civil do Amazonas Adriano Frizo, André Silva Costa e Jardey Bello.

Com um poderoso aparato tecnológico à sua disposição, Samir Freire olhava para o ouro com a ganância típica de gângsters, enquanto o tráfico invadia favelas, humilhava a policia e as carnificinas  se multiplicavam em Manaus,

A engrenagem da qual Freire fazia parte, aparentemente é maior do que a desvendada pelo MP-Gaeco no caso do ouro surrupiado de contrabandistas.

O novelo do crime que grassava dentro da Secretaria de Inteligência tem, à medida que começa a se desenrolar,  duas pontas, indicando o provável envolvimento de mais autoridades do Estado, que, entre outros delitos, davam proteção aos criminosos em troca de polpudas mesadas.

Se isso de fato for comprovado, explica as chacinas  ocorridas em Manaus nos últimos meses e a ascensão do Comando Vermelho na operacionalização do tráfico e distribuição de drogas na cidade de Manaus.

Mais que isso: o incremento das ações de piratas no Rio Solimões, rota do tráfico de drogas e onde várias quadrilhas se enfrentam, transformando cidades e vilas do Alto Solimões em palcos de uma guerra sangrenta.

A investigação deve ser abrangente. A preocupação com o que consta nos backups extraídos do aparelho de escuta Guardião deve ficar em segundo plano. O importante são as conexões da organização criminosa (que agia dentro da estrutura do Estado) com o mundo externo do crime e se outras autoridades estão envolvidas.

Se o MP-Gaeco puxar essa corda vai pescar peixe grande…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.