Proposta de redução da jornada de trabalho produz voto e desemprego
- Esse oportunismo dos políticos, que fingem entender de economia e viram as costas para o país na cata de votos, precisa acabar.
Mais de um quarto da população brasileira não trabalha, ancorada no Bolsa Família e outros incentivos do governo Federal, prefeituras e governos estaduais. Uma das razões é a falta de qualificação profissional e o crescente desemprego - que gera miséria e produz desigualdade.
Outras centenas de milhares começam a perder espaço no mercado de trabalho, substituídas por novas tecnologias.
A inteligência artificial está substituindo contadores, jornalistas, tradutores, médicos, professores e uma gama de outras profissões.
O cenário do emprego futuro é incerto, mas os políticos estão discutindo a redução da jornada de trabalho, sem atentar para o fato de que as empresas não vão assumir o custo de uma ação danosa - para a economia e para o trabalhador, iludido de que tendo mais tempo para descansar vai produzir mais e encantar o empregador. Pura ilusão.
Mas essa é uma ideia de jerico com forte apelo político em ano pré-eleitoral. Uma irresponsabilidade com o trabalhador. É como empurrá-lo para fora da porta das empresas.
Ninguém atenta para o fato de que o Brasil tem muitos feriados - seja de âmbito nacional, estadual e municipal - onde as folgas são obrigatórias. Como resolver essa questão, que adiciona mais dias de folga e leva à paralisia do setor produtivo?
E a cada dia tem alguém no Senado propondo mais feriado - para o dia do Pombo; nas assembleias propostas para um feriadão no dia do Sapo e nas Câmaras de Vereadores, um dia para a Preguiça.
Esse oportunismo dos políticos, que fingem entender de economia e viram as costas para o país na cata de votos, precisa acabar.
ASSUNTOS: redução da jornada de trabalho

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.