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O poder assustador dos evangélicos e os doutores da Lei


Por Raimundo de Holanda

29/11/2021 19h05 — em
Bastidores da Política



O Brasil tem 60 milhões de evangélicos e eles estão mobilizados para fazer de André Mendonça ministro do STF. Pela primeira vez na história do Supremo Tribunal Federal abriu-se uma surrada cortina revelando a ação  explícita de grupos de interesse dispostos a influenciar em decisões da Corte. As coisas nunca foram diferentes, mas havia o cuidado, uma certa decência no comportamento desses grupos com larga influência no Senado Federal. Eles, sempre eles, pautavam as sabatinas dos indicados.  Com a resistência ao nome de André Mendonça, caíram as máscaras.

O poder religioso entrou em ação. Mendonça é o nome “terrivelmente evangélico, termo cunhado pelo presidente Bolsonaro, que o indicou a partir desse mérito. Com ele o Supremo não vai se tornar o Sinédrio, nem Mendonça vai ocupar a 11a cadeira para interpretar o que ensina a Bíblia. Vai estar lá para colocar a Constituição onde Bolsonaro diz que estaria o livro sagrado: embaixo do braço.

Mendonça penou até agora 133 dias desde sua indicação pelo presidente. E isso o desgastou profundamente. Como um bom bolsonarista, não desistiu. Mas com essa obsessão desgasta também um STF, onde inevitavelmente  chegará  pela pressão dos evangélicos  sobre os senadores.

Bolsonaro sendo abençoado pelo bispo Edir Macedo - Foto: Igreja Universal

Afinal, 2022 é ano de eleição e um terço do Senado será renovado. No Amazonas, o senador Omar Aziz tentará a reeleição. No Estado, Mendonça leva os votos tanto de Omar quanto de Eduardo Braga - este, candidato ao governo - e Plinio Valério, graças as conversas que o senadores vêm mantendo com o deputado Silas Câmara.

Mas Mendonça terá primeiro que passar pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça, onde será “sabatinado”. Vai passar…O que não passará é a impressão que fica, de que tudo  no Brasil tem vícios, até a indicação de um ministro para a Suprema Corte. Que País é este ?

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.