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O demônio, a igreja e a política


Por Raimundo de Holanda

18/03/2024 20h50 — em
Bastidores da Política



Eu ja falei dessa fase da minha vida aqui: do poder dado ao demônio pela igreja como forma de controlar instintos, de limitar a liberdade sexual e de opinião. O pecado - ou o que a igreja dizia ser pecado - era utilizado pelos padres como forma de domínio, de manipulação. Um meio de controlar comportamentos,  o uso de forças supostamente  ocultas em nome “da fé”. E de um poder que não deveria ser contestado. Sofri muito ao desejar a mulher do próximo e me penitenciar por isso.  

Essas reminiscências  afloram  em razão das declarações do presidente Lula sobre “a manipulação da religião de forma vil”,  utilizada, segundo ele, como instrumento político. Lula erra ao   confundir igrejas - templos, com religião.  

São novamente as igrejas, agora no plural, e não a religião, alvos de manipulações por pastores sem escrúpulos, exploradores da fé.   

Ao contrário de 60 anos atrás, a Igreja era praticamente uma e seu poder incontestável, mas sua incursão na política era sutil. Verdade que o tempo era outro. O mundo era composto de ilhas, cada uma mais isolada que a outra. 

Mas se o mundo mudou, a informação chega muito rápido, as pessoas se comunicam melhor, têm opiniões próprias e as externam mais facilmente, como as igrejas conseguem  manipular multidões? Porque a política migrou para as igrejas, transformadas em negócio lucrativos, numa ponte mais do que explícita com o poder político. 

Do que Lula reclama? Parte do poder das igrejas vem de pessoas pobres, com bolsa família, sem emprego, sem cultura. 

O problema da exploração da fé e o poder político das igrejas reside na falta de cultura de um povo sem perspectiva, de equívocos de políticas sociais onde o estado estende a mão, mas não dá perspectiva de crescimento para os mais pobres. Políticas que acomodam, que estimulam o ócio, que estancam sonhos.  

Um país com jovens que não têm ambições, nem sabem como sair da pobreza, dá nisso que Lula reclama. Em manipulação. 

Ou bolsa família e outros benefícios pelos quais não há contrapartidas, são o quê, senão tentativa de manipulação de uma nação inteira? Do que Lula reclama? Ele também é um manipulador.

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ASSUNTOS: Brasil, Igrejas, Lula, pastores, política

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.