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‘Meu lugar é o Céu…'


Por Raimundo de Holanda

26/01/2024 21h23 — em
Bastidores da Política


  • Poder publico não se resume ao executivo federal, estadual ou municipal. O poder público é também o Legislativo, que afinal representa cada cidadão e suas escolhas.

De repente o Céu - um aglomerado humano no centro decadente de Manaus, formado por palafitas, foi transformado num inferno. O incêndio, provocado por ligações clandestinas, destruiu cerca de 30 casas. No desespero, compreensível até, moradores bloquearam ruas e protestaram contra o poder público, “omisso e ausente”, incapaz de oferecer moradia digna para todos. Mas poder público não se resume ao executivo federal, estadual ou municipal. O poder público é também o Legislativo, que afinal representa cada cidadão e suas escolhas. 

É o Legislativo que redige leis que poderiam melhorar a vida de pessoas como as 300 desabrigadas no bairro do Céu,  mas seus representantes caem de boca no escasso orçamento municipal (emendas parlamentares). Leis, por si mesmas, não resolvem nada, não eliminam a pobreza, não criam oportunidades, não melhoram a vida em sociedade.

Ou não é uma fantasia o artigo 6o da Constituição do Brasil, que garante, como direitos sociais, “a educação, a saúde, a alimentação,  o trabalho, a moradia, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade  e à infância, a assistência aos desamparados…”?

O Brasil é um País onde o Legislativo cria leis  como quem escreve um conto de fadas. A pobreza e os problemas daí derivados - fome, violência, ligações clandestinas, tráfico, medo, exclusão - não serão resolvidos enquanto não se olhar de forma firme para a educação. Mas essa mudança radical depende menos do que o Executivo possa fazer, mais do Legislativo e  do olhar de cada parlamentar sobre os verdadeiros problemas da cidade. 

Por isso na eleição deste ano o foco do eleitor deve ser as câmaras municipais. É a  escolha dos novos  vereadores que vai ditar os rumos que as cidades vão seguir a partir de 2025. E tudo depende apenas do eleitor. Ou o sonho de um céu no horizonte sempre será encerrado com a abertura de uma estrada para o inferno

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ASSUNTOS: bairro do céu, incêndio, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.