Manaus, uma chaga no coração do Brasil
Há uma semana Manaus era o centro das atenções do País. O Brasil, chocado, chorou com a crise de oxigênio e as mortes - centenas - por asfixia na rede pública de saúde. Jorrou solidariedade. Artistas, empresas e religiosos se uniram em apoio à vida e o oxigênio chegou de todas as partes. Era para comemorar. Mas, de repente, esse sentimento se transforma em uma grande suspeita, na sensação de que, já na crise do oxigênio, todos os que ajudaram foram lesados: os artistas, os empresários, os religiosos. E cessou a corrente que transmitia vida e esperança. Cessou no momento em que a vacina era mal distribuída, não chegava ao pessoal da linha de frente de combate a pandemia e havia fortes suspeitas de desvios.
Suspeitas que só aumentaram com a dificuldade da secretária municipal de Saúde, Shádia Hussami Hauache Fraxe, de enviar ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas uma relação de pessoas vacinadas e as doses existentes.
O Tribunal está em cima. Ninguém gostou da resposta da secretária, cheia de evasivas. O ofício encaminhado ao TCE é uma pintura do acanhamento, ou do deslumbramento com o poder, melhor dizendo, da tentativa de despiste, da esperteza de ganhar tempo para justificar o injustificável . Se sobrar algum tempo para a secretária - até o dia 25, como propõe no ofício-resposta ao TCE - vai ser para responder criminalmente. Afinal, vacina é coisa séria. É esperar para ver.
asdasda
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.